quarta-feira, 6 de maio de 2009

GDF desaloja famílias em Brazlândia


Governo retira famílias moradoras de áreas ocupadas para distribuir lotes para PMs, bombeiros e toda sorte de eleitores do Arruda.

A ação estava prevista pelo Plano de Ordenamento Territorial (PDOT). De acordo com as justificativas legais, o PDOT foi aprovado com vistas a atender as famílias de baixa renda que moravam em uma área de situação de risco, a quadra 55. A desocupação da área ocorreu à alguns dias e desde então 49 famílias que não foram contempladas pela distribuição dos lotes estão despejadas em um local muito precário chamado Balneário, no centro de Brazlândia. Trata-se de 43 mães solteiras (algumas grávidas e outras de resguardo), 6 homens e cerca de 40 crianças, muitas de colo.


Segundo moradoras, houve um incêndio que ninguém sabe como começou, mais ou menos duas semanas atrás, nos barracos da quadra 55. Há suspeitas de que este incêndio tenha sido provocado de forma criminosa para pressionar o Ministério Público a aprovar com rapidez a retirada das famílias.

As quadras 34 e 44 foram criadas a partir do PDOT. A criação dessas quadras segundo o PDOT, era para atender a demanda das quadras 55 (área de risco, pois havia muitas famílias morando em espaços precários) e das pessoas que moravam nas chácaras dentro do parque Veredinha, Área de Preservação Ambiental. Caso sobrassem lotes, entrariam outras pessoas de Brazlândia, que tem um cadastro antigo feito pela administração, para a lista de distribuição de lotes.
O governador José Roberto Arruda esteve presente nos lotes da quadra 55 e informou aos/as moradores/as que iriam ser removidos/as para as quadras 34 e 44. Houve tumulto e confusão. 49 famílias não foram contempladas e tiveram seus pertences levados por pessoas vinculadas ao governo (SUDESA, Secretaria de Segurança Pública do DF). As famílias foram, em seguida, acompanhando o caminhão para tentar reaver seus pertences.

Neste momento ocorreram agressões, justificadas pelos policiais pelo fato de que as famílias queriam pegar alguns utensílios em cima do caminhão. A cena de atrocidades ficou ainda mais gravosa quando uma moça, mãe de 7 filhos, quis pegar o carrinho de seu bebê de 1 mês, e neste momento os policiais agrediram a ambos. Logo após a policia sumiu com o caminhão, junto com o pessoal do governo que estava sendo responsável por tirar as coisas das famílias. Nesta hora elas deram adeus as suas coisas já que depois disso nunca mais viram seus pertences. Estão inclusive precisando de doações de roupas, calçados e alimentação.

No local onde as mulheres foram levadas após o desalojo de seus barracos, cortaram a água e a luz para pressioná-las a sair. Este tratamento deve-se ao fato de que no dia seguinte a comissão do Arruda faria uma solenidade no local e portanto não queriam deparar com essas pessoas lá. Estas pessoas foram parar lá por que elas não tinham aonde ir. As estratégias do GDF e da administração de Brazlândia é ficar empurrando-as como pingue-pongue até que elas desistam da mobilização pelo direito a moradia.

A imprensa que chega ao local é contratada pelo GDF, nem a mídia corporativa está mais freqüentando o local. Muitas famílias se queixam que no momento em que os policiais agrediram a mulher com seu filho de 1 mês, a mídia corporativa filmou mas não colocou na televisão. Estão em estado de isolamento midiático pela própria distância geográfica e econômica do centro do DF e portanto ninguém fica sabendo o que está acontecendo lá. Esta é claramente uma forma de isolar estas pessoas, de forma que ninguém dê apoio e para que ninguém fique sabendo das maracutáias que a Administração de Brazlândia está fazendo junto com o GDF.

Estas famílias que não receberam os seus lotes, são a prova de que há maracutáia. Há pessoas de fora da comunidade que estão recebendo os lotes que seriam destinados as famílias de baixa renda, segundo o PDOT.
Estas 49 famílias estão com medo, pois denunciaram que havia ?peixes? da administração pegando os lotes que eram destinados para as famílias da quadra 55, de baixa renda. Muitos lotes foram direcionados para comerciantes e até mesmo empresários, e as pessoas de baixa renda ficaram com medo de sofrer retaliação por parte destas pessoas. Estas pessoas, que não tem relação com a comunidade de Brazlândia, estão ganhando os lotes enquanto as pessoas da comunidade estão morando de aluguel ou de favor. Segundo um morador, o Administrador é um empresário, dono da rede Pra Você que tem mercado por todo DF. Ele financiou a campanha do Arruda em Brazlândia e de acordo com moradores faz cartel de alimentos dentro da cidade.

Nenhum comentário: