terça-feira, 11 de outubro de 2011

Terra no Noroeste é dos índios



A Funai esconde o estudo antropológico que conclui que a área em que empresas querem construir é indígena. Mas o Brasília 247 teve acesso ao documento

10/10/2011 às 18:14

Sabrina Fiuza_Brasília247 – Para identificar se o Noroeste é área indígena, a Fundação Nacional do Índio (Funai) solicitou estudo antropológico ao historiador e antropólogo Jorge Eremites, de Mato Grosso do Sul. O estudo ficou pronto em agosto deste ano, mas a Funai ainda não o divulgou e nega que o tenha recebido. No entanto, o Brasília 247 teve acesso ao documento, de 49 páginas, que comprova que há no Noroeste um território indígena, como índios que vivem lá reivindicam.

Para realizar o estudo, Eremites utilizou três métodos: a história de vida, baseada na vida indígena no local; o método genealógico, em que reconhece relações de ancestralidade, consanguinidade e afinidade; e o método etnográfico, que observa a vida social e a cultura do grupo.

A equipe responsável pelo estudo esteve no Santuário dos Pajés, no Noroeste, em maio e em julho de 2010, somando treze dias de trabalho de campo. Foi constatado que a presença indígena no Noroeste data da década de 1950, sendo que os primeiros índios habitarem aquelas terras foram os pais do pajé Santxiê Tapuya, chefe de uma das tribos que briga pela permanência na área.

Além dos Tapuya, etnia predominante, habitam no Noroeste as tribos Tuxá e Kariri Xocó. Todas elas são de origem nordestina. De acordo com o estudo, as tribos vieram para Brasília em busca de proteção do Estado e melhores condições de vida.

O estudo aponta que há mais de meio século os índios praticam formas próprias de manejo agroflorestal na área, como plantio de sementes e mudas, recuperação de áreas degradadas e proteção de árvores e plantas.

Segundo o laudo, a reivindicação dos índios pela terra é válida. E ainda sugere que a Funai crie um grupo de trabalho para delimitar e demarcar a terra indígena e realizar estudo sobre os impactos negativos, incluindo danos morais e materiais, que a construção do Setor Noroeste causa à comunidade indígena da área.

A Funai disse ao Brasília 247 que o estudo estava pronto, mas que ainda não estava em poder do órgão.

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