quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Vigilância sanitária bane agrotóxico em todo o País



O metamidofós, usado nas lavouras de batata, feijão, soja, tomate e trigo, é
o 4º produto do tipo a ter a venda proibida

Lígia Formenti - O Estado de S.Paulo

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o banimento
do agrotóxico metamidofós no Brasil. O produto, usado nas lavouras de
algodão, amendoim, batata, feijão, soja, tomate e trigo, pode prejudicar o
feto, além de ser tóxico para os sistemas neurológico e imunológico. A
substância também é prejudicial aos sistemas reprodutor e endócrino.

É o quarto agrotóxico cuja comercialização é proibida pela Anvisa desde
2008, quando a agência preparou uma lista de reavaliação com 14 produtos
suspeitos de causar danos para a saúde. Além do metamidofós, foram proibidos
cihexatina, tricloform e endossulfam. "Nossa expectativa é avaliar todos os
produtos da lista neste ano. Até porque, certamente, novos produtos deverão
ser incluídos para reavaliação", afirmou Luiz Claudio Meirelles,
gerente-geral de toxicologia da Anvisa.

A retirada do metamidofós do mercado brasileiro será feita de maneira
programada. Pela decisão, publicada ontem no Diário Oficial, o produto
poderá ser comercializado somente até o fim do ano. O agrotóxico poderá ser
usado nas lavouras até junho de 2012. Meirelles afirmou que a retirada
programada é feita de forma a não provocar impacto negativo na agricultura.
"É preciso também que haja tempo para os produtores se adaptarem, para eles
terem acesso a produtos menos tóxicos." O metamidofós já foi banido nos
países da União Europeia, China, Paquistão, Indonésia, Japão, Costa do
Marfim e Samoa. De acordo com Meirelles, o produto se encontra em processo
de retirada nos Estados Unidos.

O agrotóxico havia sido reavaliado pela Anvisa no ano de 2002. Na época, o
uso do produto foi restrito, além de a forma de aplicação ter sido alterada.
Naquele ano, também foi realizada a primeira reavaliação de agrotóxicos no
Brasil pela Anvisa, com banimento de quatro produtos.

A avaliação dos agrotóxicos da lista de 2008, por sua vez, demorou para
ganhar ritmo. Por pressões políticas, divergências no governo e ações na
Justiça, somente no ano passado as análises começaram a ser feitas com mais
rapidez.

Para evitar que fabricantes tentem acabar com seus estoques, a venda do
metamidofós até dezembro não poderá ultrapassar a média histórica. "Vamos
fiscalizar o cumprimento dessa determinação", disse Meirelles.

Com a decisão da Anvisa, também não serão autorizados registros de novos
produtos que levem metamidofós nem a importação do produto. Terminado o
prazo em que a comercialização é permitida, fabricantes ficarão responsáveis
pela retirada do produto do mercado.

Valor Econômico

*Valor, 18.01.2011*

*Governo retira inseticida do mercado*

De São Paulo

O metamidofós, princípio ativo de alguns inseticidas utilizados nas culturas
de cana-de-açúcar, soja e algodão, não poderá mais ser utilizado no Brasil a
partir de 2012. A decisão pelo banimento do produto contou com parecer
conjunto do Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama).

A proibição foi publicada ontem no Diário Oficial e, entre outros motivos,
levou em consideração o fato de o metamidofós já ter sido proibido em outros
países pelo seu elevado grau de toxicidade. O produto pode provocar danos
nos sistemas endócrino e reprodutor humano e no desenvolvimento de feto.

A retirada do produto do mercado, no entanto, será programada. As empresas
que ainda importam o princípio ativo e fazem a formulação poderão manter a
produção até 19 de novembro deste ano. Já a comercialização poderá ser feita
no Brasil até 31 de dezembro de 2011, para finalmente em 30 de junho de 2012
o uso do metamidofós ser totalmente proibido.

Conforme dados do Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit), do
Ministério da Agricultura, cinco empresas têm registro para formulação de
produtos à base do metamidofós - Milênia, Fersol, Sipcam, Nufarm e Bayer.
Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola
(Sindag), estudos ainda estão sendo realizados para avaliar o impacto que a
retirada do produto causará no mercado. (AI)

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