sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Micro-Usinas Sem Represas: alternativa sustentável para Belo Monte

O plano de construir a Usina Hidorelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, Pará causa controvérsias pelo seu impacto sócio-ecológico. A área atiginda pela barragem cobriria cerca de 500 km2, inundado um ecossistema único e tirando meios de subsistências para as populações indígenas e cabocla que habitam a região.  Por outro lado os 26 milhões de habitantes do Norte e Meio-Norte brasileiro seriam beneficiados pela rede elétrica. Grandes corporações como a Vale do Rio Doce, que detém concessão extrativa na província mineral do Carajás, é um das que vão lucrar com a eletricidade gerada em Belo Monte.
Recentemente o diretor de cinema James Cameron, cujo filme Avatar aborda confrontos cultural e ambiental, reuniu com liderança indígenas do Xingu para chamar atenção à causa da população nativa.
Os Kayapós locais vivem de caça, pesca, coleta de raízes e frutas e pequenas roças. Para garantir sua sobrevivência são necessárias migrações períodicas, assim a noção de territorialidade kayapó é distinta da sociedade ocidental. O modo de vida tradicional  Kayapó funciona muito bem sem o uso de energia elétrica. Desalojá-los para uma reserva indígenas, ou simplesmente idenizá-los com dinheiro de branco, provocaria um etnocídio.
Há outras maneiras de aproveitar a energia hidráulica das bacias Xingu-Amazônica. Ao invés de construir mega-usinas poderia aproveitar a corrente, ondas e marés dos rios (que são verdadeiros mares pelo volume de água) e da região costeira como fontes energéticas através de várias micro-usinas sem represas.
Similares aos moinhos de vento das usinas eólicas, as turbinas axiais diferem das hidroelétricas convencionais por sua posição em uma coluna vertical e não precisar de represamento de água. Há também projetos de turbinas flutuantes e geradores lineares. Uma vantagem de ter várias usinas pequenas estrategicamente distribuídas pela amazônia seria poupar as perdas de transmissão, instalando-as próximos dos locais de consumo.
Além do rio o mar também é fonte energética. Estrategicamente localizada no equador, a área entre a delta do Amazonas até São Luís do Maranhão possui a maior amplitude de marés de toda costa atlântica das Américas: são 90 cm. Energia maremotriz que poderia ser aproveitada com impacto ecológico menor e sem precisar interroper a vida das pessoas. E os custos de construção são bem reduzidos.
Por já existir a tecnologia, os custos serem menores, os impactos sociais e ambientais reduzidos a implantação de micro-usinas sem represas talvez seja a única solução viável. É uma proposta válida de ser considerada.

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