quinta-feira, 25 de março de 2010

Encontro das trevas paira em Brasília (é assustador)

Roriz revela detalhes do assédio que ‘sofre’ do PSDB

 
Candidato a um quinto mandato como governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz é “vítima” de dois tipos de assédio.
 É assediado pelo Ministério Público, que se esforça para arrastá-lo para dentro do inquérito que apura malfeitos no governo do DF.
 É cercado também pelo PSDB, que tenta acomodar o PSC, partido de Roriz, na coligação presidencial de José Serra.
 A direção do PSDB reuniu nesta quarta (24), parlamentares tucanos e das duas legendas que já se incorporaram à sua caravana: DEM e PPS.
 O objetivo da reunião era organizar a cerimônia de lançamento da candidatura de Serra, marcada para 10 de abril, em Brasília.
 Lero vai, lero vem, a turma do DEM animou-se a criticar a negociação que o PSDB abriu com Roriz.
 Os ‘demos’ ainda trazem atravessada na traquéia a crise moral que fulminou o único governador de que dispunham: o preso José Roberto Arruda.
 Roriz vai às urnas "surfando" na desgraça de Arruda. E o DEM manifestou certa inconformidade com um encontro do grão-tucano FHC com o “surfista” do DF.
 Deu-se em São Paulo, na última segunda (22), no apartamento de FHC, assentado no bairro chique de Higienópolis.
 Submetido aos queixumes do aliado, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), tentou minimizar a importância da conversa ocorrida em São Paulo.
 Disse que o tucanato não cogita celebrar nenhum acordo que leve Serra ao palanque brasiliense de Roriz.
 Afirmou que ninguém de “bom senso” ousaria tratar do tema num instante em que o panetonegate ainda arde no noticiário.
 Não é bem assim. O signatário do blog recebeu uma nota emitida por Roriz. Incomodado com as reações azedas, ele decidiu contar o que se passa.
 “Jamais procurei ninguém”, anota, de saída, o texto de Roriz. “No mês passado, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, veio à minha residência”.
 Guerra não estava só. Acompanhava-o o “vice-presidente executivo do PSBD, o ex-ministro Eduardo Jorge”.
 O que foram fazer na casa de Roriz? Vieram “me oferecer a legenda para uma aliança eleitoral no Distrito Federal, em outubro próximo”.
 O que disse Roriz? “Respondi que essa aliança seria possível, sim, pela enorme admiração que tenho pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso”.

 Roriz diz ter imposto uma condição: tucanos mencionados no inquérito do panetonegate teriam de ser “afastadoss dos cargos diretivos partidários”.
 Depois desse encontro, Roriz diz ter recebido “um telefonema do ex-ministro Eduardo Jorge”. 
O que disse Eduardo Jorge? Informou “que ex-presidente Fernando Henrique desejava encontrar-se comigo”, escreveu Roriz.
O ex-auxiliar de FHC disse mais: “As bases para a aliança estavam aceitas”. Marcaram, então, “o dia e a hora” da reunião de São Paulo: “segunda, 22, às 17h”.
Roriz diz que foi ao encontro de FHC “acompanhado do próprio Eduardo Jorge”. Encontrou-o “no aeroporto de Congonhas”.
 Levou consigo mais duas testemunhas: “O meu assessor de imprensa, Paulo Fona, e a fotógrafa da minha equipe, Sheyla Leal”.
 O que foi tratado na conversa com FHC? “Disse, basicamente, duas coisas ao ex-presidente Fernando Henrique”.
 Coisa número um: “Sou candidato a governador do Distrito Federal em outubro, lidero todas as pesquisas de institutos nacionais e locais e posso, então, ser governador pela quinta vez”.
 Coisa número dois: “Transmiti a ele minha solidariedade aos ataques sofridos por ele pelo PT [...]”. E disse que, “se fosse desejo dele, apoiaria em Brasília o candidato do PSDB à Presidência [...], o que, aliás, já faço desde os tempos de Mário Covas, em 1989”.
 Dias antes de voar para São Paulo, Roriz recebera em sua casa o deputado cassado Roberto Jefferson, presidente do PTB e réu no inquérito do mensalão.
 Roriz não diz na nota, mas relatou a FHC algo que ouvira de Jefferson. O ex-deputado queixara-se de não ter recebido, ainda, um telefonema de Serra.
 Embora pendesse para outro tucano, Aécio Neves, Jefferson revelou-se propenso a levar o seu PTB à coligação oposicionista.
 O interesse é recíproco. O tucanato flerta com Roriz e com Jefferson porque deseja tonificar o tempo de TV da propaganda eleitoral de Serra.
 Adensada pelo PSC e PTB, a coligação de Serra vai ao ar com cerca de oito minutos. Estima-se que a petista Dilma Rousseff terá cerca de 11 minutos.
 O esforço do PSDB para manter à sombra as negociações que empreende com seus “quase-futuros-neoaliados” é tão revelador que dispensa comentários.
 Deu-se à pajelança em que Serra será aclamado como candidato o nome de "Encontro Nacional do PSDB, do DEM e do PPS". Por ora, nada de PSC nem de PTB.

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