quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Porque enfrentamos crises na alimentação e na água


Postado no Agosto 14, 2008 por maritamari
Entrevista a Vandana Shiva, pela AlterNet, 11 de agosto de 2008

Os políticos estão finalmente a enfrentar as crescentes crises na alimentação e na água. Enquanto procuram por respostas, Vandana Shiva recorda que foram os seus esquemas económicos que criaram estas crises.A estrutura económica globalizada é simplesmente incompatível com as leis físicas do planeta e com os princípios de governação democrática, diz ela. Até que nós alinhemos o sistema económico com o sistema ecológico, os problemas apenas podem piorar. Enquanto que muitos dos livros de Shiva discutem algum aspecto deste problema fundamental, um tílulo captura-o de forma sucinta: Terra, Democracia, Justiça, Sustentabilidade e Paz.
Shiva é uma médica, autora, directora da Research Foundation on Science, Technology and Ecology e fundadora da Navdanya.
AlterNet: Muitos dos teus escritos e discursos focam a incompatibilidade entre a nossa estrutura económica e o funcionamento ecológico da terra. Fala-nos dessa incompatibilidade.
Vandana Shiva: Um aspecto da inconsistência é entre os princípios de Gaia, os princípios do solo, da ecologia, da renovabilidade, como a atmosfera se limpa e as leis do mercado global. O mercado global é conduzido pelo Banco Mundial e pela OMC e a ilógica do chamado “mercado livre”, que não é livre. [O resultado desta incompatibilidade] é a corrente crise alimentar: quanto mais a agricultura é “liberalizada”, maior a escassez de alimentos, mais altos os preços da alimentação e mais pessoas temos a passar fome.
Nunca se registou esta taxa de crescimento nos preços da alimentação a nível mundial como vemos agora com a integração global das economias alimentares sob a força coerciva e intimidadora da OMC.
AlterNet: Disseste no passado que estas actividades são realizadas em nome da melhoria do bem-estar humano. No entanto, a pobreza tem aumentado. Onde vês mais isto?
VS: Vemos a maior falta de meios de sobrevivência nos países do Sul - tragicamente - aqueles países que se poderiam alimentar. A Índia, por exemplo, era auto-suficiente na produção alimentar. Éramos capazes de alimentar o nosso povo com um sistema de distribuição universal, acessível a todos, e políticas agrícolas que priorizavam a comida. Os pequenos agricultores conseguiam sobreviver.
Mas uma década e meia das regras perversas da globalização levou a que 200.000 agricultores se tenham suicidado porque já não conseguem sustentar-se - todo o seu dinheiro vai para os lucros da Monsanto ou da Cargill. Entretanto, com o chamado crescimento económico, há pessoas a passar forme. A comida per capita desceu numa década e meia de 177 kg para 152 kg por ano.
Isto contradiz a falsa propaganda que tem sido espalhada acerca dos motivos para o aumento dos preços. Eles dizem que é porque os Indianos estão a ficar mais ricos e a comer mais. Bem. Alguns indianos estão a ficar mais ricos, mas não estão a comer mais. Há um limite para o que tu podes comer. E a mão-cheia de bilionários compra mais uns jactos privados e constrói mais algumas mansões privadas. [Na realidade], o indiano médio está a comer menos. A criança média tem uma probabilidade de morrer de fome mais elevada hoje. Os Cargill’s do mundo tem o controlo sobre a economia mundial: estão a obter super-lucros enquanto as pessoas morrem de fome.
AlterNet: Falas de que a Índia está pior mas muitos economistas - incluindo os da esquerda - dizem que países como a China e a Índia estão a melhorar.
VS: Não é verdade. A Índia, sob o perverso crescimento da globalização, ultrapassou já a África no número de pessoas com fome. Enquanto nós temos um crescimento de 9.2% medido pelo PIB e PNB, 50% das nossas crianças enfrentam a sub-nutrição severa. 50% das mortes de crianças com menos de cinco anos devem-se à falta de comida. Isto dá cerca de um milhão de miúdos por ano.
AlterNet: Isso é uma mudança considerável que não creio que o mundo esteja a ver.
VS: Isso é porque os media orquestram todas as análises e interpretações. Eles gostariam que a crise fosse um sucesso da globalização e gostariam de oferecer mais globalização como solução. O Banco Mundial disse que deveria existir mais comércio liberalizado. Antes de a OMC ser formada, tivemos protestos de com 500.000 agricultores nas ruas de Bangalore em 1993 para dizer que isto é uma receita para a fome, para destruir a agricultura, a independência e a segurança alimentar. E o GATT - antes da OMC - deu uma conferência de imprensa para nos dizer que a globalização iria tornar a comida acessível para todos.
Esquecem-se que a comida não é produzida nos mercados especuladores de “commodities” controlados pela Cargill em Chicago. É produzida por mulheres e homens trabalhadores que trabalham com o solo e o sol. E se tu destróis a capacidade das pessoas para trabalhar a terra e a capacidade do sol para produzir, tu terás fome. A tragédia é que a fome de hoje e o aumento dos preços dos alimentos é o resultado das políticas globalizadoras e está a ser implementado numa escala global. A menos que tragamos a soberania alimentar e a “democracia alimentar” de volta para a discussão, não teremos uma solução para isto.
AlterNet: Estás a falar sobre princípios ecológicos básicos. Mas há dois outros aspectos sobre a crise alimentar que estão a ser discutidos. Um deles é que, em algumas sociedades, como a China, a dieta está a alterar-se, o que contribui para a falta de alimentos. Depois de serem expostos a dietas ocidentais, estão a comer mais carne, o que requer uma enorme quantidade de cereais - normalmente utilizados para alimentar pessoas - para alimentar gado. Vês isto como parte do problema?
VS: Bem, posso dizer com certeza que isso não é verdade para a Índia. A Índia vegetariana continuará a Índia vegetariana - rica ou pobre, integrada globalmente ou não integrada globalmente. E os chineses quase sempre comeram carne. A diferença é que agora estão integrados no sistema de produção global: é a agricultura industrial que fornece cereais para os porcos e as vacas.
Nenhuma cultura indígena - nem a China nem a Índia - dá cereais aos animais. Os animais têm sido alimentadas com base no que os humanos não podem comer. O agro-negócio global, que ganha imenso dinheiro com base no negócio das forragens, está a criar esta pressão enquanto destrói aquilo a que chamaria a “verdadeira economia livre” - o gado e as galinhas criados em liberdade - e a substituí-la por prisões para animais. Na minha interpretação, mesmo a gripe das aves está a ser utilizada para fechar violentamente pequenas economias, as economias dos agricultores asiáticos, transformando-os em sistemas de pecuária industrial da Tyson e da Cargill.
AlterNet: Qual o papel das alterações climáticas nesta crise alimentar global?
VS: As alterações do clima e as crises agrícolas mundiais estão ligadas. De facto, o meu próximo livro é precisamente sobre esta ligação. A agricultura industrial - conduzida pelo agro-negócio de forma a vender mais químicos, pesticidas e sementes caras a agricultores - é em grande parte responsável por emissões de gases com efeito de estufa tal como o metano da pecuária industrial, o óxido de nitrogénio dos solos fertilizados quimicamente e os combustíveis fósseis dos sistemas agrícolas mecanizados.
O comércio internacional é também responsável por acrescentar milhas alimentares, o que adiciona mais emissões de carbono. Juntando tudo isto, mais de 25% da instabilidade do clima está sendo causada pela agricutura insustentável que [simultaneamente] deslocaliza pequenos agricultores, cria pobreza e má comida. Então, amanhã poderíamos resolver 25% da instabilidade no clima do planeta se voltássemos para a agricultura ecológica como a terra o quer, cultivando de acordo com 10.000 anos de sabedoria que evoluiu do terceiro mundo.
Pesquisas que estamos a conduzir agora mostram um nível de retorno do carbono 200% maior e um nível de retenção da humidade 10 vezes maior. Então se a seca é uma das consequências das alterações climáticas, do que necessitamos é de matéria orgânica e não mais fertilizantes químicos. Temos duas causas aqui: temos de nos livras das emissões da agricultura e do transporte a longa distância.
Isto significa agricultura ecológica e localização do sistema alimentar, importando apenas o que não pode ser cultivado localmente - não forçando importações como os EUA têm feito na Índia. Forçou-nos a comprar trigo, deixar de lado a mostarda e o óleo de coco e viver de soja. Estes factores são “forçamentos” que estão a causar estragos no nosso clima e a destruir a nossa cultura alimentar, a nutrição e o acesso a alimentos.
Finalmente, sistemas ecológicos produzem mais comida. É uma ilusão pensar que, porque temos uma crise alimentar, temos de espalhar a [comida geneticamente modificada] pelo mundo. Em primeiro lugar, as culturas geneticamente modificadas não produzem mais alimentos. Em segundo lugar, tornam o solo mais vulnerável às alterações climáticas. São resistentes a herbicidas e atraem toxinas. Não temos um aumento da produção.
AlterNet: Então a modificação genética dos alimentos exacerba as já difíceis circunstâncias associadas à falta de alimentos.
VS: Absolutamente. Penso que qualquer receita hoje oferecida na agricultura deve ser testada para ver se aumenta a capacidade de produção de alimentos dos pobres e se vai reduzir a pressão sobre o planeta.
AlterNet: Falemos também de outro conceito que integraste nos teus escritos - bio-pirataria.
VS: A bio-pirataria é o estranho fenómeno pelo qual as maiores e mais ricas corporações roubam recursos genéticos e o conhecimento tradicional de mulheres e camponeses pobres que o tem partilhado gratuitamente por mais de um milénio. O primeiro case que tive de lutar foi contra o governo dos EUA com W.R. Grace, que se tornou infame com o filme “A Civil Action”, quando poluiu o subsolo de Boston.
Roubaram a Neem, que é uma árvore que nos dá controlo [natural] de pestes e fungos através do seu óleo. A USDA e a Grace afirmaram que tinham inventado a Neem. Como é claro, a minha avó e a minha mãe usavam-na. Então, eu popularizei-a após Bophal, com uma campanha chamada “Bhopal nunca mais, plantem uma Neem”. Quando vi esta patente, tive de a contestar. Lutamos por 11 anos e eventualmente os poderes do governo e de uma das maiores empresas de químicos foram vencidos por uma coligação de grupos e movimentos da sociedade civil.
Outro caso de bio-pirataria é a do famoso arros Basmati que vem do meu vale. Uma companhia do Texas afirma que o inventou. O terceiro caso foi o da Monsanto, que afirmava ter inventado uma variedade de trigo antiga, baixa em glúten. O problema com a bio-pirataria não é só o de tirarem material genético e conhecimento gratuitamente, mas também o de reivindicarem um direito exclusivo, exigindo royalties das mesmas comunidades e sociedades [de onde os retiraram], comunidades que detiveram esta biodiversidade e conhecimento por anos.
AlterNet: Falando da Monsanto, realizaste uma pesquisa considerável sobre esta companhia e publicaste um relatório, “Peddling Life Sciences or Death Sciences.”
VS: Se tivesse que ordenar a criminalidade das corporações, a Monsanto ganharia facilmente o primeiro prémio. A Monsanto apoderou-se do fornecimento de sementes a nível mundial. Comprou todas as companhias de sementes na Índia, no Brasil e nos EUA e tornou-se a maior corporação de sementes. Mas este modelo de funcionamento baseia-se na corrupção. Corromperam o processo de tomada de decisões nos EUA de tal forma que os cidadãos já não têm o direito de saber o que estão a comer, se o leite tem hormonas ou se a soja e o milho são modificados geneticamente. Estão a espalhar esta corrupção por todo o mundo.
Estou a lutar contra eles no nosso supremo tribunal. Conseguimos detê-los ao nível do algodão Bt. Ainda não conseguiram invadir a nossa economia com cultivos geneticamente modificados. Mas o pior que a Monsanto tem feito é comprar a Delta and Pine Land, uma companhia que detém a patente para a tecnologia “terminator”, que desenha sementes para serem esterilizadas. Está a manipular geneticamente a vida para a extinção da vida.
AlterNet: Falemos da escassez de água. Estão a ocorrer grandes guerras por causa da água e subsiste uma grande preocupação sobre o futuro da água. Pensas que a escassez da água tem sido criada pelo fenómeno da privatização ou resulta das alterações climáticas e outros fenómenos do género?
VS: A escassez da água tem sido criada por sistemas de produção insustentáveis tanto para a agricultura como para os têxteis. Toda a actividade industrial exige muita água. A agricultura industrial requer dez vezes mais água que a agricultura ecológica. A “revolução verde” não foi assim tão verde porque criou uma procura para grandes barragens e extracção de água subterrânea. A agricultura industrial esgotou os recursos hídricos. Para mais, à medida que a água se tornou poluída e escassa, uma parte da indústria viu a água como uma forma de ganhar super-lucros privatizando-a. Estão a privatizá-la de duas formas. A primeira é comprar o sistema de distribuição municipal. Os maiores neste campo são a Bechtel, a Suez e a Vivendi.
Curiosamente, têm enfrentado protestos para onde vão. A Bechtel foi expulsa da Bolívia. A Suez queria apoderar-se do fornecimento de água a Delhi, mas tivemos um movimento para democracia da água que não o permitiu. Mas há um segundo tipo de privatização, mais insidioso - o da garrafa de água de plástico. A Coca-Cola e a Pepsi são as líderes desta privatização. Na Índia, onde a Coca-Cola estava a roubar água, trabalhei com um pequeno grupo de mulheres das aldeias que conseguiram encerrar a fábrica. Por toda a Índia, estas corporações gigantes estão a levar entre 1.5 e 2 milhões de litros de água por dia, deixando para trás a sede.
AlterNet: Tendo em conta o que está a acontecer como resultado das alterações climáticas, poderíamos esperar uma crise de água sem estas práticas?
VS: Não estaríamos a enfrentar problemas com a água se as pessoas pudessem ter as suas economias, praticar a sustentabilidade e viver as suas vidas. A crise na água deve-se à ganância. À medida que a água se torna mais escassa, as corporações que a controlam ficam mais ricas. É o mesmo com a comida. À medida que os alimentos se tornam mais escassos, as corporações que os controlam ficam mais ricas. É este o paradoxo da economia global. O crescimento surge nos lucros das corporações enquanto no mundo o real os recursos utilizados se tornam mais escassos.
AlterNet: Também sugeriste que estes princípios económicos são incompatíveis com a sustentação do governo democrático.
VS: A muitos níveis, uma economia de mercado chamada globalização corporativa tem de matar a democracia para sobreviver. Tomemos o nascimento da OMC, uma instituição anti-democrática. Não há negociações nas regras que impõe. Estas regras são criadas de forma não democrática. De cada vez que estas regras são implementadas há protestos. Normalmente em democracia, se a vontade do povo diz que devemos mudar uma política, os governos mudam. Infelizmente, os governos de hoje são comandados por corporações, não pelo povo. Cada passo no sentido de aprofundar a economia de mercado é um atentado à democracia. Os nossos governos foram-nos roubados e temos de usar a democracia para ultrapassar estas regras, este paradigma e a absoluta destruição [que causa].
AlterNet: Descreve a tua visão alternativa que poderia substituir a que temos actualmente.
VS: Eu tento articular uma visão alternativa baseada na democracia. A economia de mercado global faz com que o primeiro cidadão seja a corporação. O resto são escravos, cidadãos de segunda categoria. Cria também uma identidade para a espécie humana como consumidores no supermercado global. Nós não somos mais criadores e produtores. Somos só consumidores de bens que as corporações nos trazem do local onde os podem fabricar - ao mais elevado custo para o ambiente e para os trabalhadores.
Do que necessitamos é de reclamar quem somos enquanto seres humanos. Nós somos antes de mais cidadãos deste planeta lindo. O nosso primeiro dever é o de proteger o planeta. Daqui fluem os direitos para a terra, o ar, a água e os alimentos que a terra nos dá. Estas dádivas são recursos comuns, não mercadorias, propriedade privada ou propriedade intelectual. São os comuns da terra e todos temos igual acesso a eles. Ninguém pode interferir no acesso de uma pessoa à sua parte da água, da terra e do ar. Esta interferência é uma violação das regras de Gaia e das regras da democracia. Mas a indústria poluidora privatizou até mesmo o ar colocando os seus poluentee neles e criando o comércio de carbono. Estão basicamente a dizer-nos que porque nós poluímos a atmosfera somos donos dela. Podemos então poluir tanto quanto queremos e depois comprar créditos de alguém que não está a poluir. Os comuns e a recuperação dos comuns é vital para a democracia da terra. Está no centro da sustentabilidade da terra do funcionamento democrático da sociedade.
AlterNet: Os direitos de propriedade cabem nesta visão dos comuns?
VS: A maior parte dos direitos de propriedade foram criados com base nos recursos comuns da terra. Na Índia nós dizemos “a terra pertence à criação”. Nós utilizamo-la e temos “direitos de uso” mas isso é diferente de propriedade e de direitos comercializáveis. Foi o colonialismo britânico que criou a propriedade privada da forma que agora é praticada.
Agora, o Banco Mundial está a tentar criar a propriedade privada em terras indígenas. A água nunca foi propriedade também, mas hoje estão a tentar mudar isso. As sementes eram distribuídas e partilhadas, não tratadas como propriedade. Os direitos de propriedade intelectuais são tão recentes como a OMC e têm de ser eliminados porque são inconsistentes com os [princípios] da vida. Um mundo futuro governado por direitos de propriedade intelectuais sobre as sementes nas mãos da Monsanto é um futuro onde a biodiversidade será destruída, os camponeses serão arrasados e não haverá comida que valha a pena comer.
AlterNet: Também estiveste envolvida no movimento”slow food” e na agricultura biológica.
VS: Fui recentemente eleita Vice Presidente da Slow Food [International], e presido uma comissão internacional sobre o futuro da comida, uma comissão criada pela região de Toscânia, na Itália. Convenci [o fundador] Carlo Petrini a reconhecer que a comida não começa na cozinha ou nas mãos do chef. Começa nos campos dos agricultores. Uma das contribuições que eu e os meus colegas tivemos nos movimentos de preservação de sementes e de agricultura biológica foi o reconhecimento de que a biodiversidade, a agricultura biológica e a agricultura de pequena escala produz mais comida. É um mito criado pela agricultura industrial e pelo agro-negócio que as monoculturas e a agricultura química produz mais comida. Utilizam mais energia e químicos e não produzem mais por acre. De facto, utilizam dez vezes mais energia que a que produzem como comida. Logo, com a crise alimentar, é vital que mudemos para sistemas alimentares que nos garantam melhor qualidade alimentar.
AlterNet: Como poderíamos transportar a sua visão e linguagem para a estrutura política e agrícola?
VS: Em países como a Índia não se trata de uma visão a transformar em prática. Trata-se de defender uma prática que está a ser destruída por uma visão perversa. Para nós, trata-se de defender os direitos de pequenos agricultores. É para aí que a minha energia vai. Uma Índia de aldeias foi o sonho de Gandhi e é o meu sonho. Mas eu não vejo a Índia a sobreviver se as suas aldeias e a sua produção alimentar são arrasadas. Em países do Norte como os EUA os agricultores foram já escorraçados. Necessitamos de mais quintas a produzir mais alimentos locais. Um país que pode subsidiar biocombustíveis e químicos deveria subsidiar o retorno dos pequenos agricultores para a terra. Isso resolveria também parte do problema do desemprego.

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