Bahia inicia uso de inseto transgênico contra dengue
Cerca de 10 mil mosquitos foram soltos com a "missão" é fecundar fêmea normal,
Cujos filhotes morrem antes de chegar à fase adulta, o que reduziria a população
do animal.
Em busca de um novo método para a erradicação do mosquitoAedes aegypti,
pesquisadores estão soltando uma versão transgênica do inseto em bairros de
Juazeiro (BA). O bicho geneticamente modificado gera filhotes que não chegam à
fase adulta.
A iniciativa, coordenada pela bióloga Margareth Capurro, pesquisadora da USP,
foi aprovada pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) .
Os cientistas misturam material genético de drosófilas, conhecidas popularmente
como moscas-das-frutas, ao do A. aegypti. A transformação faz com que seus
filhotes produzam uma proteína que causa sua morte ainda no estágio larval ou de
pupa (a fase de casulo).
Em laboratório, os embriões são produzidos pela Biofábrica Moscamed, em Juazeiro
(BA), e identificados com um marcador fluorescente. Por diferença de tamanho em
relação às fêmeas, os machos - que se alimentam de néctar e sucos vegetais - são
isolados antes da fase adulta, quando serão liberados no ambiente.
Eles serão soltos em cinco bairros da cidade. Lá, concorrerão para procriarem
com as fêmeas, o que, em longo prazo, deve reduzir a população local dos
insetos. A previsão é de liberação de 50 mil mosquitos por semana nesses locais,
e a conclusão do estudo está prevista para 18 meses após o início do
procedimento.
Os primeiros 10 mil mosquitos já foram soltos na segunda-feira (21), no bairro
de Itaberaba. Amanhã (25), serão liberados mais oito mil no mesmo local.
Riscos
A princípio, a liberação de espécimes do Aedes aegypti nessas regiões
apresentaria dois riscos: aumento da incidência da dengue e desequilíbrio
ambiental.
Ambos, diz Capurro, são praticamente nulos. "Os mosquitos machos não se
alimentam de sangue, por isso não transmitem a doença, e sua única função é
copular com as fêmeas", afirma.
Além disso, o A. aegypti não é nativo do Brasil e encontrou um ambiente ideal
porque não possui predadores naturais por aqui. "Os mosquitos transgênicos vivem
por aproximadamente sete dias e não deixam descendentes. Para retirá-los da
população de insetos do local, basta parar de abastecê-la com novos indivíduos."
Ela destaca as vantagens do procedimento. Apesar de mais caro, pode substituir
inseticidas e larvicidas, reduzindo o lançamento de possíveis poluentes no
ambiente.
"O que essas substâncias fazem é selecionar indivíduos resistentes, que não
morrem com os produtos", aponta a bióloga.
(Folha de São Paulo)
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