sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O CLIMA NO MUNDO DA LUA

Você tem acompanhado que as erosões de regiões costeiras em quase todos os continentes, a salinização dos lençóis freáticos próximos aos oceanos, a inversão do curso de alguns rios que deságuam em mares, o acelerado derretimento das calotas polares e outros cenários improváveis. O que resvalava na ficção, hoje atropela a realidade.
Por isso, a ONU tem realizados inúmeras conferências sobre o clima. Cancún (México), chamada de COP-16, e que terminou neste último dia 11, foi uma delas.
Até agora, só há um consenso sobre o clima: ou o aquecimento global não ultrapassa 2ºC acima das temperaturas médias da Terra, ou a vida tal qual a conhecemos entrará em uma espiral descendente, como a água que desce por um ralo de pia, cujo fim é o colapso.
Apesar desta alucinante previsão, o mundo pós Cancún amanheceu emitindo os mesmos 9 bilhões de toneladas de gás carbônico a mais do que deveria. E assim vai continuar, já que esta Conferência só estabeleceu que, apenas entre os anos 2013 e 2015 é que serão realizadas as revisões das metas de longo prazo na redução das emissões de gases de efeito estufa no mundo.
E, talvez para não ter um ocaso cômico, a Cúpula anunciou duas medidas, que não chegam a riscar a epiderme do problema: compensar países tropicais que reduzirem seu desmatamento, e um Fundo Verde do Clima, que irá financiar países em desenvolvimento em suas ações de combate às mudanças climáticas (então, elas existem!) e ações de adaptação a elas. Este fundo, que dificilmente chegará ao Brasil, poderá aportar 100 bilhões de dólares, até o ano de 2020.

Contudo, é necessário perguntar:

Houve propostas concretas de novas metas de redução de gases estufa? Não!

Houve encaminhamentos adequados para que se mantenha o aquecimento global abaixo dos seguros 2º C? Não!

Os Estados Unidos, país que emite o maior quinhão destes gases que aquecem a Terra, estabeleceram alguma meta para reduzir suas próprias emissões? Não!

Foi acordado a sequência ao já combalido Protocolo de Kyoto? Não!Era apenas isso o que Cancún deveria ter decidido e não o fez. Por isso, a COP-16, a exemplo do que já havia sido a COP-15 em Copenhague não foi, nem de longe, o que poderíamos chamar de sucesso. Não é a toa que o Resort Moon Palace (Palácio da Lua), local da Conferência, foi logo apelidado de Mundo da Lua. 


E ninguém contestou.

Luiz Eduardo Cheida

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