quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"REINO" DAS TORTURAS: morre Romeu Tuma Símbolo da Tortura na Ditadura Militar Brasileira



A construção de um símbolo do terrorismo de Estado

Da esquerda para direita:
Delegado, Sérgio Paranhos Fleury. (o Al Capone brasileiro! O Delegado da Morte).
Agente, Henrique Perrone. (o tira de confiança).
Delegado, Romeu Tuma (ex-chefe do Serviço Secreto do DOPS, ligado ao SNI).

(Transcrição Parcial)
Fleury não constituiu figura singular. Distinguiu-se precisamente por haver tipificado o policial da época da ditadura militar. Teve a parceria e a colaboração de colegas do mesmo naipe, como Romeu Tuma, Celso Telles, Benedito Nunes Dias, Ivahyr Garcia de Freitas, Fábio Lessa, Edsel Magnotti, Raul Ferreira (vulgoPudim), Alcides Cintra Bueno Filho (vulgo Porquinho), Valter e Newton Fernandes, Luiz Apolônio (três vezes citado como tio de Delfim Netto), e muitos outros.
Percival de Souza tem o mérito de haver trazido à luz o passado do hoje senador Romeu Tuma, que conseguiu atravessar ignorado os processos judiciais e a literatura memorialística e historiográfica do período da ditadura militar. Como delegado do DOPS e chefe do seu serviço secreto, na época o mais premiado com promoções, Tuma não foi menos responsável do que Fleury pela repressão policial à margem da lei.
Se Tuma procurou ocultar, com esperteza, a participação nos crimes da polícia política paulista, o mesmo não se deu com Fleury. Este assumiu superlativamente a função, que cedo lhe atribuíram, de figura simbólica da repressão policial, de expressão mais degradante do terrorismo de Estado. Era preciso que a vida pública caísse ao ponto mais baixo na história nacional, como sucedeu no período da ditadura militar, para que um facínora fosse erguido ao patamar de expoente do regime dominante, glorificado pelos meios de comunicação e credenciado pela intimidade com os círculos mais altos do poder. Sabe-se, e o livro de Percival o confirma, que o sinistro delegado contava com o apoio do Cenimar, órgão de informação da Marinha, e era colaborador de primeira linha do DOI-CODI, o departamento homicida da repressão comandado por oficiais do Exército. Se o delegado do DOPS tinha as qualificações pessoais para o papel que desempenhou, este papel lhe foi confiado pela cúpula militar e civil, da qual recebeu completa cobertura. Pelos crimes do delegado também devem ser responsabilizados Médici, Geisel, Abreu Sodré, Laudo Natel, Paulo Egídio e Paulo Maluf. Com semelhante cobertura, o delegado pôde torturar e assassinar em nome e sob a proteção da lei.

DESTAQUE ESPECIAL: Referendo-se as torturas praticadas na época da repreensão, o jurista Goffredo da Silva Telles, declarou que: "
Romeu Tuma assinava documentos comprometedores. Os papeis avalizariam versões policiais de que presos mortos sob tortura haviam de suicidado". Os parentes das vítimas também acusavam Tuma de proteger torturadores. 

Silva Telles considerou, então, que o ex-delegado praticou omissão contra a ética e a moral.
Jurista Goffredo da Silva Telles - Folha de São Paulo, 01/10/2000

Nenhum comentário: