quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Empresários contestam poder das ONGs no meio ambiente

O presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, questionou a limitada participação empresarial no plenário do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Afirmou que, embora o setor de transporte tenha íntima ligação com o meio ambiente, a participação da Confederação Nacional do Transporte (CNT) no Conama é inexpressiva. Disse que, igualmente, a representação empresarial, no todo, é irrelevante, em um conselho que terá grande importância no futuro próximo. Afirmou, em carta: "Há disparidade entre a representação da chamada "sociedade civil" (organizações não-governamentais) e dos sindicatos de trabalhadores em relação aos empresários". 

Mostrou que há apenas oito conselheiros indicados por confederações empresariais - um deles da CNT - o que corresponde a 7,7% de um plenário com 108 representantes. Já os 22 indicados por ONGs e sindicatos de trabalhadores representam, em conjunto, 21,2% do conselho. Manteli chamou atenção para o fato de que a abrangência dos assuntos tratados pelo Conama acaba incidindo em todos os ramos da atividade empresarial. Em recentes declarações, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), acusou o Ministério do Meio Ambiente de estar "completamente dominado pelas ONGs". Afirmou: "É uma distorção, pois o ministério deveria representar o Estado, não ONGs estrangeiras". Rebelo não é deputado do baixo clero: foi presidente da Câmara, ministro da Coordenação Política e líder do Governo Lula na Câmara. 
Comentou Wilen Manteli que a CNT representa quatro modais de transporte, com importância para geração de políticas públicas de redução do consumo de combustíveis fósseis e emissão de gás carbônico. Destaca que toda atividade envolve a prestação de um serviço de transporte, sem o que o produto ou serviço não conseguiriam expressividade econômica. E acentuou Manteli: "A atual composição do Conama, bem como seu processo decisório, por maioria de votos unitários, fazem com que o poder executivo conte com 71,7% dos votantes (37,5% do Governo Federal, 25,9% dos governos estaduais e 7,7% dos governos municipais) sendo que os 28,9% restantes são compostos predominantemente por ONGs (21,2% representantes da "sociedade civil"), uma vez que apenas 7,7% dos votos no Conama pertencem à representação empresarial". 
Diante disso, a ABTP pleiteia, com apoio da Federação Nacional das Empresas de Navegação (Fenavega) e CNT, revisão do modelo do Conama, de modo que a representação empresarial seja ao menos igualada à representação de sindicatos de trabalhadores e ONGs. Recentemente, foi sancionada a Lei 12.305, que criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Trata-se de um tema que deverá mobilizar o meio empresarial e a própria sociedade, nos próximos meses. E Manteli não aceita que ONGs tenham mais poder do que confederações empresariais. O Brasil produz 57 milhões de toneladas de lixo por ano e, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), só 2,4% dos resíduos sólidos urbanos são reciclados, contra quase 50% de alguns países desenvolvidos. O tema interessa a outras confederações, como CNI (indústria), CNC (comércio e serviços) e CNA (agricultura). 

PT e PMDB 
No meio empresarial fluminense, muita gente acredita que haverá segundo turno. Mas parece muito difícil que Serra, após alcançar essa meta inicial, consiga superar Dilma no dia 30 de outubro. Em relação a uma gestão de Dilma, há dúvidas. Uns dizem que a era Lula foi marcada por seu personalismo e, com Dilma, as bases do PT estarão no poder. Já outra corrente afirma que o PMDB não se contentará com bolsões de governo, como com Lula, mas pleiteará influir nas principais decisões, com sua tropa de choque, composta por Michel Temer, José Sarney, Renan Calheiros, Sergio Cabral e tantos outros. 

Sem estoque 
Um especialista em gestão empresarial diz à coluna que boa parte dos males atuais se deve à busca incessante de lucro. Afirma que concessionárias de veículos às vezes não dispõem de uma peça simples, como uma tampa, um parafuso ou uma simples mangueira, em decorrência da aplicação da técnica de estoque mínimo. 
Por considerar que estoque é dinheiro morto, há que se trazer da fábrica itens que, antes, havia de sobra no estoque. É a política do "just-in-time", que começou no Japão e se espalhou por todo o mundo. Na mesma linha, busca-se operar com gente no limite mais baixo. 
Quando houve a crise das viagens aéreas, boa parte das estrepolias de Gol e TAM foi causada por não haver pessoal disponível. As empresas se habituaram a operar com o mínimo de pessoal, sem prever uma baixa por doença ou férias. Como o excesso de demanda gerou atrasos e adiamentos, as empresas sequer conseguiam dar informações aos passageiros insatisfeitos: tinham gente apenas para o "arroz com feijão". 
Em muitos casos, além de faltar pessoal em geral, havia escassez de gerentes e profissionais com discernimento e capacidade de decidir em nome da empresa. Funcionários mais humildes até se escondiam, diante da impossibilidade de adotar qualquer decisão, por mínima que fosse, como pagar um lanche aos insatisfeitos. 
Novamente, a cena se repete no caso Web Jet. Às voltas com problemas trabalhistas, a Web Jet mal conseguiu se comunicar com os passageiros retidos nos aeroportos, pois a política de pessoal mínimo não deixa sobras. E foi o que se viu: além de problemas objetivos, faltou gente de bom nível para lidar com a questão e informar ou pelo menos dialogar com passageiros. 
Da mesma forma que um time de futebol precisa de bons reservas, as empresas deveriam engordar um pouco seus estoques de peças e contratar pessoal suficiente em quantidade e qualidade - e para isso há que se abrir um pouco os cofres, o que também contraria conceitos ditos modernos de administração. 

Web Jet 
A polêmica Web Jet pertence a Guilherme Paulus, ex-dono e fundador da megaempresa de turismo CVC - e, ao que se sabe, dela agora afastado. Em março, ele praticamente confessou não ter cacife para fazer a empresa crescer. Disse que esperava mudança na admissão de capital estrangeiro, de 20% para 49%, para vender ações para a irlandesa Ryanair ou outro estrangeiro que se habilite. 

Rápidas 
Os principais chefs e sommeliers do Rio e de São Paulo estarão reunidos sábado no Hotel Sofitel Rio, para o concurso de escolha do melhor vinho do sul da França e do maior expert em vinhos da região *** A Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras promove, segunda-feira, em São Paulo, algo diferente: Seminário sobre Finanças Islâmicas. O evento será realizado em parceria com o Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA/USP) e apoio do Banco ABC Brasil *** Nesta quinta-feira, a Câmara Brasileira do Livro organiza, na capital paulista, curso de Ações Integradas de Marketing entre Editoras e Livrarias *** Começa dia 9, em Manaus (AM!), a 3ª Amazon Beauty 2010. O segmento acredita que a iniciativa é boa chance para tirar do papel o Polo de Cosméticos do Amazonas, emperrado por falta de investimentos em pesquisa, ciência e tecnologia, capazes de revelar o potencial da flora amazônica *** A Internet ainda engatinha. O humorista José Simão informa que há 70 mil seguidores dele no Twitter. Só que o contato é falso *** Incrível a proposta dos bancos aos bancários: apenas 4,29% de reajuste. A greve, embora parcial, está afetando muitos negócios *** A quarta-feira foi de queda para dólar e estabilidade para bolsa. 

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