sábado, 7 de agosto de 2010

Grupo Vida e Preservação & Sabor do Cerrado.

No assentamento Colônia I tem um grupo de guerreir@s.
Homens, crianças, mulheres fortes.
Fazem do Cerrado a sua morada.
Resistir e nunca párar.
Seu Algemiro com seus orgânicos.
Tem muita sabedoria a nos ensinar.
Gerações empoderadas.
Do processo a continuar.
Mas nem tudo é tão fácil.
 Seu Teobaldo com seus net@s tem muito a nos falar:


"Os momentos mais difíceis mesmo foi esse: você vê seus companheiros tudo


deitado no chão, as crianças, sem respeitarem as crianças. Com armas pesadas
em cima da gente. Foi um dos momentos mais difíceis que eu pensei até de
abandonar tudo. Não por mim, mas por meus filhos. Meu filho deve ter ficado
traumatizado quando viu um policial com uma doze cerrada no meu ouvido.
O moleque se desesperou. Desesperou mesmo, né. Chorava. Aquilo me
revoltou muito. Eu fiquei muito traumatizado. Muito tempo que eu nem podia
ver uma arma, que eu lembrava daquela doze enfiada na minha cabeça [...].
Eu vi doze enfiada na minha cabeça, no meu pescoço. Aqui! [...] Porque é
muito triste. Você vê um cidadão ser expulso, ser tido e mantido como
bandido, como mal-feitor, mal-elemento, pela própria polícia que você ajuda a
pagar. No terreno do poder acontece isso, imagina por esse Brasil a fora. O
que é que não acontece?"
Seu Algemiro também nos conta:


"Quando nós chegamos aqui, eu estava muito doente. Eu sofri de úlcera
nervosa e fui operado. Então, eu fui em umas hortas ali embaixo, nos
canteiros lá no Colomé e tinha muito agrotóxico. Aí, eu adoeci e falei que
não mexeria mais com plantação de agrotóxico. Apesar de colher menos,
né? Tem menos resultado, mas tem mais resultado sobre a vida."


Em fevereiro de 2003, doze famílias do Colônia I fundaram o Grupo Vida e Preservação
(GVP). O grupo definiu como seus objetivos: promover o desenvolvimento local sustentável,
por meio da capacitação dos agricultores para garantir e viabilizar a produção das hortaliças, o
processamento dessas e o escoamento dos produtos para os pontos de venda localizados no
Plano Piloto e a atividade do viveiro florestal, como instrumento de recuperação das áreas
degradadas do assentamento.


Wátila jovem guerreiro agricultor nos acrescenta:


"Geralmente eu não gosto de cidade. Eu não gosto de cidade. Então, eu
comparo assim: eu acho que a cidade é um local para a gente conhecer e
adquirir mais, alguns, nem todos, alguns conhecimentos. Em relação à
comunidade rural, eu prefiro. Porque é o momento em que a gente está
analisando a nossa própria vida, que a gente está trabalhando e percebendo
dentro de nós mesmos que a gente tem um valor para a nossa comunidade."
João Batista relata:


"Que tudo que a gente sonha, que a gente acredita e quem puder fazer um
pouco sim, vale a pena, vai multiplicando. A gente tem visto essa
multiplicação aqui no Colônia I. Essa multiplicação das mulheres. Todas
elas participam de reuniões, os homens, os jovens criando sua identidade,
multiplicando para outros assentamentos. Enfim, alguma coisa assim mais
justa. Então, se cada um fazer o que pode e o que acha que possa fazer...
faça! Nem que seja pequeno, mais faça, porque é um fruto que você está
espalhando."
Mas os problemas ainda são muitos diz o sr. Algemiro:


"O meu sonho futuro é vir água pra nós, que nós não temos mais futuro por
falta d'água. O sequidão aqui é imenso. Nós estamos é precisando de água.
Água é vida."
Grupo Sabor do Cerrado


Participam 


mulheres do assentamento que trabalham com a produção de
doces, salgados e artesanatos feitos a partir da matéria prima do cerrado. Além de produzir
para diversificar com novos produtos a feira organizada pelo GVP, onde são comercializadas
as hortaliças orgânicas, o GSC tem sido convidado para organizar lanches e cafés em eventos
e atividades realizadas pelas instituições parceiras, como congressos e seminários.


A sra. Joanica relata:
 "Sou muito feliz com minhas colegas de trabalho, do Sabor do Cerrado. Porque
não tem esse trabalho, esse grupo que não passe dificuldade. Não tem esse
grupo que está assim só a mil maravilhas, que não tenha uma discussão. Acho
que não tem esse. Cada um, às vezes, um está de mau humor ou, mas é coisa
passageira. Isso é coisa de grupo mesmo, né?"


Sra. Maria Helena complementa:


"O cerrado é a vida e muitas coisas importantes têm no cerrado. Do cerrado a
gente tira muita coisa que a gente acha que não vale nada. Eu,
principalmente, você está vendo meu barraco aí. Você está vendo que ele é
no meio do mato. E eu não pretendo tirar o mato. Você vê, você vai
passeando assim no cerrado, você vê uma flor e sente alegre, sente é paz.
Você vê o verde e sente bem."
Sra. Rosecler acrescenta:


"Hoje nós somos mais valorizadas, né. As mulheres estão crescendo quase
igual aos homens. O grupo está evoluindo."
Sra. Maria Teresinha nos ensina:


Fica assim este conto real,
com as palavras do sr. Valdemir:


"Temos que acreditar. Temos que sonhar e ter direito de fazer esse sonho se
realizar."


Esta é uma parte da história deste povo.
Se você acredita e tem compromisso social.
Entre em contato com este grupo, divulgue suas ações
e consuma um sabor único no Cerrado.


Contatos:
Algemiro: 61-9698-0224;
João Batista: 61-9904-3559;
Teobaldo: 61-9678-5657;
Wátila:61-9644-4880.


A Reforma Agrária e
o Cerrado;
Agradecem desde já!



Diálogos tirados da dissertação: 


MOSAICO DE OLHARES: 


Um diálogo entre a Universidade de Brasília e o

Assentamento Colônia I


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA-

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL- CDS/UnB- 2007.
Fernanda Litvin Villas Bôas.

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