segunda-feira, 3 de maio de 2010

Governo do RS financia transgênicos para pequenos produtores




Com incentivo do Governo do Estado...

Na semana em que pesquisas no Estado do Paraná apontam que o milho
transgênico é mais contaminador do que afirmam o Ministério da Agricultura
juntamente com a CTNBio, o Rio Grande do Sul noticia a compra de sementes de
milho trangênico para o Programa Troca-troca de sementes que funciona
através de parceria da Secretaria da Agricultura com prefeituras,
associações e sindicatos rurais e Federação dos Trabalhadores na Agricultura
(Fetag).

O que seria uma saída, mal administrado vira um problema...

Pra quem não conhece o programa foi criado para subsidiar
sementes de cebola e milho pra pequenos produtores. Cada produtor tem uma
cota máxima de sementes o qual pode pegar. Depois da colheita, o agricultor
devolve o tanto de sementes que pegou abastecendo assim um banco de sementes
estadual que coloca as sementes à disposição de outros produtores que seguem
o ciclo, isso na criação do programa em meados de 1996...

Mas, de acordo com a política de aplicação de cada novo Governo,
o projeto foi se modificando. No início se fazia fundamental o uso de
sementes crioulas, já que outros tipos se sementes perdem a capacidade de
germinação ou são estéreis. Em função da mudança de política de aplicação do
programa, a Secretaria de Agricultura deixou de administrar um banco de
sementes e passou a negociar com empresas donas de variedades
impossibilitando assim, o desenvolvimento de sementes do produtor, que
passaram a pagar a sua semente com grãos de milho, devolvendo ao estado
grãos em maior quantidade (pois a semente é mais cara que o grão) para
abastecer o estado possibilitando que o estado tivesse o domínio sobre o
jogo de mercado onde se segura ou se larga o produto para controle do preço.

No fim o projeto de conservação vira a destruição...

Nos últimos anos o programa vem trabalhando com o pagamento em
dinheiro destas sementes. A única vantagem do produtor é que supostamente a
semente só é paga depois de vendida a colheita, digo supostamente porque o
tempo da natureza não é algo levado em conta pelos prazos da Secretaria de
Agricultura, então caso o produtor não tenha outra renda, perde a vantagem
de esperar o preço subir para vender, tem que vender pra pagar a semente em
maio e ponto, fora casos especiais como situação de emergência, ou
calamidade do município.

Com a notícia desta semana, de que o estado do RS irá comprar
sementes transgênicas para o programa Troca-troca me surgiram várias dúvidas
e uma indignação sem tamanho. Primeiro não entendo porque manter o nome do
programa? Porque não chamá-lo de ?venda sua alma? ou ainda ?acabe com a
semente crioula do seu visinho?, fora a brincadeira de mau gosto, mas
sincera, eu gostaria que o estado do RS pelo menos criasse uma nova
concepção clara para o programa, já que no site da Secretaria da Agricultura
fala muito pouco da história do programa, não fala da concepção, e ainda faz
uma campanha à favor do Governo atual.

Troca-troca de que? Troca de liberdade de plantio por algemas da
Bayer? Troca de produção barata por pesos de agroquímicos? Troca de culturas
originárias por cânceres europeus?

Acabaram de comprometer toda produção de milho do estado do RS,
e isso é muito sério. A base alimentar da pequena propriedade é o milho. A
situação é preocupante, temos que fazer algo, temos que agir.

Marília Gonçalves

Assentamento Tamoios

Herval

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