quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

PF faz busca em ONG da mulher de Arruda


ANDREZA MATAIS
HUDSON CORRÊA
FILIPE COUTINHO
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A Polícia Federal apreendeu anteontem documentos e um computador na sede do Instituto Fraterna, ONG comandada pela mulher do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (agora sem partido), e que tem entre seus dirigentes a mulher de seu vice-governador, Paulo Octávio (DEM).

A Folha apurou que a PF também cumpriu mandados de busca e apreensão no escritório político do governador, onde funcionou um de seus comitês na campanha de 2006.

A nova ação da PF foi baseada nas últimas revelações de Durval Barbosa, ex-assessor de Arruda que denunciou suposto esquema de corrupção no governo do DF. Ele voltou a prestar depoimento ao Ministério Público no início de dezembro.

A assessoria de imprensa da PF confirmou a ação, mas não especificou os endereços. Disse apenas que foram apreendidos computadores e documentos.

A ONG e Arruda são investigados na Operação Caixa de Pandora. O governador aparece num vídeo recebendo R$ 50 mil de Barbosa --que, até o esquema vir à tona, tinha um cargo chave no governo: secretário de Relações Institucionais.

Na ONG foram apreendidos um computador e documentos. No depoimento, Barbosa disse que "há aproximadamente seis meses o instituto teve algumas despesas pagas com dinheiro arrecadado" do esquema de cobrança de propina.
"O governador Arruda determinou que autorizasse o pagamento de parte das despesas de instalação do instituto com a parte correspondente a 10% da propina que o declarante [Barbosa] arrecadava das empresas de informática", diz o documento ao qual a Folha teve acesso.

Além da mulher de Arruda, Flávia Peres, presidente a ONG, um dos filhos do governador, Marcos Sant'Ana Arruda, aparece como associado ao instituto. Anna Christina Kubitschek Pereira, mulher do vice-governador, é diretora.

Por meio de nota assinada pela "direção do Instituto Fraterna", a ONG considerou "absurda a afirmação de que receberia recursos indevidos" e, sem mencionar Barbosa, afirmou que irá "ajuizar ação judicial contra essas afirmações caluniosas". "O Instituto Fraterna não recebe, e nunca recebeu dinheiro público."

Com relação ao escritório político de Arruda, Barbosa disse que R$ 5 milhões foram desviados da Codeplan, empresa de pesquisa do governo do Distrito Federal, para bancar as despesas com o local na época da campanha. A assessoria do governador disse que não comentaria a ação da PF. A Folha esteve no endereço ontem. Vizinhos disseram que o escritório ainda está funcionando.

Secretaria de Educação

Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Secretaria de Educação, na casa de Gibrail Nahib Gebrim, que comanda a unidade responsável por pagamentos na secretaria. A PF ainda agiu na agência de turismo que seria da mulher de Gebrim.

Barbosa denunciou esquema de corrupção na área que seria operado por Gebrim. No governo de Joaquim Roriz, Gebrim foi investigado pela CPI da Educação e acusado de desviar dinheiro público. A secretária de Educação, Eunice Santos, disse que o servidor foi afastado e que o órgão irá apoiar o trabalho da polícia. Ele não foi localizado pela reportagem.

Na primeira fase da investigação, desencadeada no dia 27 de novembro, foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte.

De acordo com a Polícia Federal, nesta ocasião, foram apreendidos durante a operação, cerca de R$ 700 mil, US$ 30 mil e 5 mil euros, além de computadores, mídias e documentos.

A Folha revelou no sábado que parte desse dinheiro foi encontrado pela Polícia Federal num anexo da residência oficial do governador.

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