terça-feira, 31 de março de 2009

Em Brasília, trabalhadores se unem contra crise e criminalização dos movimentos sociais


“Apenas a unidade da classe trabalhadora traz possibilidade de transformação”. As palavras de Leandro Cerqueira, representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), constituíram o espírito do ato unificado em defesa do emprego, pela reforma agrária e pelos investimentos em políticas sociais ocorrido em Brasília na manhã desta segunda-feira (30/03).

Centrais sindicais (CUT, Conlutas, CGTB, CTB, UGT, Nova Central, Força Sindical e Intersindical), organizações estudantis e movimentos sociais como o MST, a Fetraf e a Assembléia Popular integraram a manifestação, que reuniu cerca de mil pessoas e teve início em frente à sede do Banco Central, passou pelos ministérios do Trabalho e do Planejamento e terminou no Supremo Tribunal Federal (STF).

No Banco Central, os manifestantes direcionaram as reivindicações para a redução dos juros, o fim do superávit primário e a demissão do presidente do BC, Henrique Meirelles.

“A crise é gerada por uma lógica de liberação total da economia, que levou à concentração de renda e que achatou as condições de vida da classe trabalhadora que levaram o mundo à bancarrota. Achamos que já está mais do que na hora de Henrique Meirelles abandonar a cadeira do Banco Central”, afirmou Cerqueira.

“Mais do que levantar bandeiras, precisamos acirrar o enfrentamento ao capital. Essa crise não é nossa, é do capital”, ressaltou Ramon Araújo, da Intersindical.

A reforma agrária foi apontada como uma alternativa factível à crise econômica, por garantir a produção de alimentos e para fomentar as pequenas agroindústrias. “O Estado brasileiro precisa inverter prioridades e deixar de injetar volumosas quantias no agronegócio, que já se mostrou frágil e ineficaz nesse momento de crise, para investir na reforma agrária”, disse Claudinei Barbosa, integrante do MST.

A manifestação denunciou também as mais de 800 mil recentes demissões das multinacionais do setor automobilístico e das empresas como a Vale e a Embraer, defendeu sua re-estatização e a ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que veta a prática de demissão imotivada.

Nos ministérios do Planejamento e do Trabalho, servidores públicos cobraram do governo federal o cumprimento dos acordos de reajustes salariais e uma política inclusiva de trabalho.

Em frente ao STF, onde o ato foi encerrado, a pauta foi a criminalização dos movimentos sociais. Em um abraço simbólico em torno do prédio do Supremo, os manifestantes protestaram contra recentes ataques de seu presidente, Gilmar Mendes, ao MST. Aos gritos de “Fora Gilmar Mendes” e “Trabalhador rural não é marginal”, cobraram punição aos responsáveis pelos mais de 1,5 mil assassinatos de trabalhadores rurais no campo brasileiro nas últimas décadas.

Maria Mello
Assessoria de Comunicação
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