Mensagem para 2009
A natureza não vende terra,
a natureza não cobra pra dar alimentação para nós.
Esse dia lindo,
essa luz que está em cima de nós, a nossa vida,
ou seja, vem do mundo, é de graça,
é Deus nosso Pai que dá.
Agora o capeta do homem que é o capitalismo, é que vende tudo, destrói tudo,
destruindo a própria humanidade.
Capeta vem de origem capital.
É o vil metal
Faz o diabo, demônio marginal.
Por esse motivo, a humanidade vive mal.
Mal de situação,
mau de maldade,
porque o capitalismo é falsidade,
o pranto de toda a maldade,
raiz de toda a perversidade do mundo.
É o dinheiro.
O dinheiro destrói a mente da humanidade.
O dinheiro coloca a humanidade surdo.
O dinheiro destói o amor.
O dinheiro cega.
O dinheiro mata.
Todo dia você lê jornal, ouve rádio,
televisão, só vê barbaridade:
é crime, é assalto, é sequestro, é vício, nudez, devassidão, fome e guerra.
Vai ver qual é a causa:
capitalismo.
{}" amor e de paz, que foi lançada originalmente por José Datrino, o Profeta Gentileza. José Datrino foi um homem que renunciou à materialidade para se tornar o professor do amor, da compaixão e da beleza de espírito. Era ele o Profeta Gentileza.
José Datrino, chamado Profeta Gentileza (nasce em São Paulo, a 11 de abril de 1917 — e morre em São Paulo, a 29 de maio de 1996), tornou-se conhecido a partir de 1980 por fazer inscrições peculiares sob um viaduto no Rio de Janeiro, onde andava com uma túnica branca e longa barba. José Datrino teve uma infância de muito trabalho, na qual lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades. O campo ensinou a José Datrino a amansar burros para o transporte de carga.
No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, houve um grande incêndio no circo "Gran Circus Norte-Americano", o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. José Datrino que se dedicava ao transporte de mercadorias, pegou num de seus camiões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói. Aquela foi a sua morada por quatro anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com as suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se conhecido por "José Agradecido", ou simplesmente “Profeta Gentileza”. Quatro anos passados, começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e autocarros, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".
Aos poucos, torna-se um personagem reconhecidamente popular. Cria provérbios e máximas para alcançar as pessoas, ensina a gentileza e proclama os costumes em plena época do movimento hippie, do rock e da minisaia.
Gentileza jamais aceitou dinheiro das pessoas: "é mais fácil um burro criar asas e avoar do que um centavo de alguém aceitar". Ao contrário, denunciava: "cobrou é traidor - o padre está esmolando, o pastor tá pastando e o Papa tá papando, papão do capeta capital".
A pregação anti-capitalista constituiu a denúncia maior do Profeta. Às vezes foi tomado como comunista, tendo que explicar às "autoridades" o porquê das iniciais PC em seu estandarte (na época). Na ambigüidade criada, não se tratava de uma vinculação ao Partido Comunista, mas ao Pai Criador.
Todos esses aspectos contribuem para que, cada vez mais, Gentileza apareça e se destaque na sociedade da época. Gentileza era um caminhante incansável, que estendeu sua presença a vários bairros do Rio de Janeiro, às cidades da Baixada Fluminense, a Niterói e São Gonçalo.
Em fins dos anos 60, o Profeta inicia uma série de viagens que o tornarão conhecido no interior do País. Nessa época, retorna a Mirandópolis reapresentando-se como Profeta Gentileza. Em 1970, parte para o interior de Mato Grosso, rumo a Campo Grande e Aquidauna (atual MS), para pregar a gentileza. Nessa última urbe, sofreu sua primeira grande adversidade como profeta: foi detido por policiais que o conduziram à delegacia.
Nos anos 70 desponta seu culto à brasilidade, aos temas da bandeira nacional e ao herói cívico de maior expressão na história do País: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Sua admiração a Tiradentes levou-o várias vezes a Minas Gerais e, especificamente, a Ouro Preto, onde se abrigava em igrejas e repúblicas de estudantes. O monumento a Tiradentes na praça central da cidade era seu principal local de referência.
Foi numa dessas idas a Ouro Preto, no convívio com os estudantes que estes lhe sugeriram o uso de uma bata, que acabaria por marcar definitivamente sua figura mística. Em outros municípios, Gentileza também explicitou seu respeito por Tiradentes.
A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju, que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km, e encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.
Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu.
Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, por isso mais tarde foi organizado o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em Janeiro de 1999. Em Maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o património urbano carioca foi preservado.
Esta obra, agora recuperada, constitui uma cartilha com os preceitos básicos de Gentileza à população. É um Livro Urbano, onde cada pilastra é uma página e a leitura é feita à janela dos veículos que por ali passam continuamente. Assim como o episódio do circo inscreveu Gentileza na memória popular, suas viagens pelo Brasil e suas inscrições, perenizadas na entrada do Rio de Janeiro, fizeram dele um dos maiores personagens populares do Brasil. A estrutura dos seus escritos e sua grafia, uma vez vistos, tornam-se inconfundíveis
Os temas do circo, do mundo como escola (Escrito 55) e a parábola do livro e da sabedoria aparecem tratados com singeleza. A questão da gentileza é, de novo, um despertar para atitudes: vivemos nas cidades rodeados de indiferença. O que gera a violência é o anonimato no meio da multidão... Gentileza pregava o amor fraterno e propunha às pessoas que dessem atenção umas às outras e criassem intimidade, o que faz muito bem à saúde. Um Profeta é isso: alguém que ilumina as pessoas
Gentileza era um ser da comunicação. A imprensa sempre nutriu por ele um interesse, talvez por cauda da sua inventividade, do seu caráter exótico e "tropicalista". Mas a sua própria máxima, gentileza gera gentileza, já começa a ser utilizada em campanhas publicitárias que encobrem fins comerciais.
Impõe-se assim explicitar, criticamente, um modo de apropriação do proclame da gentileza, onde esta se revela muito mais como uma proposição de natureza ética do que uma marca.
O tema central da mensagem do Profeta é a oposição que se estabelece entre a gentileza e o capital. Enganamo-nos, então, se vemos na gentileza uma mera oposição à violência. Esta visão é ainda uma leitura de superfície, tanto dos fatos, quando da sua simbólica. Para o Profeta, a violência, assim como outros males da sociedade se produzem a partir do vil metal.
Dos 56 escritos do viaduto do Caju, quase a metade destes descrevem os ensinamentos da gentileza e das suas virtudes, pontuando alguns outros temas da sua pregação; em cerca de 30 pilastras, aparece com toda a ênfase, a sua denúncia profética do capitalismo, "que vende e destrói tudo", "que cega a humanidade... e leva para o abismo".
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