sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Do Coronelismo Ao Fisiologismo


    Brazlândia surgiu através da rota do desenvolvimento no Planalto Central, com a estrada colonial, estrada do sal. Nessa época, a cidade constava no município de Santa Luiza, hoje Luziânia. Logo após a criação do DF, Brazlândia se constituiu como cidade satélite, há 52 anos atrás. Desse período até 1990, quando houve a primeira eleição no DF, os brazlandenses eram felizes e não sabiam. Existia um balneário onde a juventude se divertia no final de semana; no salão comunitário haviam os bailes; nosso lago era limpo e o córrego veredinha possuía várias nascentes, atraindo a fauna além da comunidade; Brazlândia  tinha o menor índice de criminalidade do DF; tínhamos cinema; as tradições culturais da festa do Divino e da Folia de Reis predominavam e eram respeitadas; e até ônibus executivo tinha.
             Houve sucessivas denúncias e escândalos de corrupção, inclusive envolvendo o ex-administrador Ronan Batista, “testa de ferro” de Roriz, sendo logo depois preso, no caso do ICS (Instituto Candango de Solidariedade). Roriz pede renúncia no Senado, no episódio chamado “bezerra de ouro” e começa o período de traição de Fillipeli e Arruda contra o seu criador.
         A partir daí, a comunidade de Brazlândia passou a ter um posicionamento crítico e não elegeu mais nenhum candidato da Deputado Distrital. Mas o DF elege Arruda e o coronelismo reaparece em Brazlândia, mesmo contra a vontade da comunidade que em plena campanha fazia protesto para que Arruda não indicasse o seu compadre a Administrador, o que não adiantou, pois mesmo com várias manifestações em frente a administração pela não indicação de Pirinópolis, Arruda o empossou com mão de ferro. Mas como diz o dito popular “Deus escreve certo por linhas tortas”, Arruda é pego no maior esquema de corrupção já visto em nosso país, denominado “caixa de pandora”. Arruda sofre o impeachment e o seu compadre é destituído da administração, encerrando assim o ciclo do coronelismo em Brazlândia.
     “Mas o que é bom duro pouco”,  Agnelo ganha as eleições no DF e chama uma grande coalizão que vale de tudo, para ter maioria na Câmara Legislativa. E na administração de Brazlândia ressuscitaram e logo descartaram Zé Luiz, um antigo político que estava há mais de 12 anos fora de nossa comunidade. Na conjuntura política do DF e de Brazlândia ocorre o que ninguém esperava, o governador Agnelo, pela primeira vez na história do DF e dos estados no Brasil, cria a Secretaria de Assuntos Particulares e coloca o seu motorista particular de campanha, Senhor Bolivar, com o status de Secretário de governo, para cuidar de sua agenda, carro e celular. O que causou um mal estar para a própria equipe, que questionava a função desta secretaria. Bolivar não conseguiu se sustentar, então Agnelo acabou com esse absurdo, acabando com sua Secretaria.
      E como se diz o dito, “o mesmo raio não cai no mesmo lugar duas vezes”, sobrou mais uma vez para a nossa comunidade e acabamos “pagando o pato”. Bolivar atropela o PT local e se torna administrador regional, chamando o que há de pior do antigo rorizismo para compor a sua equipe na administração, copita com migalhas lideranças petistas. Nomeia e remove familiares seus ao GDF/ADM, no mais feio estilo nepotista e fisiologista.
      A representação política na RA IV não tem representatividade com nossa comunidade, pois já estamos há mais de 2 anos de mandato e não verificamos avanço algum nas áresa de cultura, transporte, lazer, esporte, meio ambiente e saúde. O pior de tudo é a falta de respeito com a nossa comunidade, não há diálogo, estão fazendo o CAJE sem ouvir nossa comunidade, que já se manifestou contra. Cadê as políticas para a juventude, os conselhos de cultura, meio ambiente, turismo, dentre outros.
Brazlândia tem várias ocupações de terra de diferentes movimentos sociais que estão reivindicando que seja cumprida a lei de reforma agrária, para centenas de  famílias de nossa cidade que sonham em trabalhar com agricultura familiar, na geração de renda para sustentar suas famílias. Mas infelizmente o Adm Bolivar em vez de ter um dialogo e uma proposta para este setor da sociedade,  faz o inverso,  apóia o grileiro de terra  Edigard Enéas da Silva que era nomeado como seu assessor  direto da administração, que teve prisão preventiva decretada, acusado de corromper agentes públicos e de atuar como grileiro e quadrilheiro no DF, sendo exonerado pela secretaria de governo. Com todos estes desmandos a comunidade que derrubou o coronelismo, não hesitará em derrubar o fisiologismo de Bolivar.          
             

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

III Jornada Nacional da Juventude Sem Terra

Número: 53 Ago 2012 O tempo bate forte e contundente no peito daqueles que estão inquietos... É tempo de andarmos firmes e convictos, unindo vozes ditas ou não ditas (na timidez do silêncio), juntando mãos, pés, olhares, frontes, sonhos, perspectivas e caminhos. É tempo mais do que nunca de nós! Nos últimos anos temos feito sentir nossa presença de forma mais organizada dentro do MST. A juventude que sempre esteve na linha de frente das lutas, começou a olhar mais para si, buscando debater os seus desafios, questionar, combater, integrar, fortalecer, organizar a luta e a participação onde estamos. Nossa Jornada Nacional da Juventude do MST está se consolidando cada vez mais com uma tarefa do conjunto da nossa organização, em especial, a partir das escolas. Em 2011, vários estados conseguiram mobilizar uma grande parte dos nossos jovens e fazer diversas atividades, desde estudo, debates, oficinas de teatro, desenho, pintura, fotografia, artesanato, capoeira, música, rádio, estêncil, painéis, cinema da terra, e lutas por escola e direitos. Estamos assumindo nosso papel protagonista desta Jornada, debatendo, expondo, mas também organizando, planejando, propondo temas e metodologias. Temos que sem terra! nos desafiar cada vez mais, não podemos e nem queremos que façam as coisas por nós. Precisamos fortalecer nossos coletivos de jovens, conspirar e colocar toda nossa rebeldia na construção de um mundo melhor para todos e todas. Esta jornada é um espaço importante para discutirmos sobre nossa realidade, para fazermos ouvir nossa voz, refletir sobre qual é o nosso espaço dentro do MST, nas escolas. É um momento de refletir sobre temas que fazem parte de nossa vida no campo e da nossa organização. E claro, é tempo de agitação, mobilização e organização de ações concretas para fortalecer a luta. E assim motivar e garantir que a organização da juventude aconteça durante todo o ano e em todas as atividades do movimento. O presente jornal apresenta elementos e provocações sobre alguns temas para estimular e alimentar a nossa participação e ajudar no debate nas escolas e nos grupos e coletivos de juventude nos assentamentos e acampamentos. Vamos reunir a juventude de todos esses espaços, e onde não existirem vamos criar, debater e se organizar!

domingo, 13 de maio de 2012

AGRICULTURA CAMPONESA JÁ.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Crescimento de conflitos no campo retrata o retrocesso sobre a questão agrária


7 de maio de 2012

Da CPT

Os dados que a CPT está divulgando dão conta de um crescimento de 15% no número total de conflitos no campo em 2011, em relação a 2010. Passaram de 1.186, conflitos para 1.363. As pessoas envolvidas, 559.401, em 2010, são 600.925 em 2011, aumento de 7,4%. Estes conflitos compreendem 1.035 conflitos por terra, 260 conflitos trabalhistas e 68 conflitos pela água. 

Os conflitos por terra são os que apresentaram um crescimento mais expressivo. Passaram de 835, em 2010, para 1.035 em 2011, um crescimento de 24%. O número de famílias envolvidas cresceu 30,3%, passando de 70.387, para 91.735. 

Este crescimento se deu em 17 das 27 unidades da federação. Foi mais expressivo na região Nordeste (34,1%), que de 369 conflitos envolvendo 31.952 famílias, em 2010, passou para 495 conflitos envolvendo 43.794 famílias. O aumento mais significativo foi no Piauí, 130,8%, que passou de 13 conflitos em 2010 para 30 em 2011, e o número de famílias passou de 611 para 1.398, mais 128,8%. 

As regiões Norte e Centro-Oeste também apresentaram crescimento tanto no número de conflitos quanto no de famílias envolvidas. Norte: 258 conflitos envolvendo 20.746 famílias em 2010; 307 conflitos e 27.111 famílias envolvidas em 2011, mais 19% no número de ocorrências e 30,7% no de famílias envolvidas. O Centro-Oeste apresentou crescimento de 22% no número de conflitos e de 21,7%, no número de famílias envolvidas: 59 conflitos com 6.393 famílias em 2010; 72 conflitos com 7.778 famílias em 2011. 

Já as regiões Sudeste e Sul apresentaram declínio no número conflitos, de 126 para 123 na Sudeste, menos 2,4% e de 41 para 37, menos 9,8% na Sul. No Sudeste o número de famílias envolvidas diminuiu de 9.945, em 2010, para 9.042 em 2011. Já no Sul, apesar do menor número de ocorrências de conflito, o número de famílias subiu exponencialmente: 196,8%, passando de 1.351 para 4.010. 

O que se convencionou chamar de conflitos por terra inclui os conflitos por terra propriamente dita, as ocupações e os acampamentos. Os assim denominados “conflitos por terra” se referem a expulsões, despejos, destruição de bens, ameaças de pistoleiros etc. Estes conflitos, em 2010, somaram 638, já em 2011 apresentaram crescimento de 26,2%, chegando a 805.
O número de famílias envolvidas aumentou 31,6%, passoando de 49.950 famílias para 65.742. No cômputo geral dos Conflitos por Terra, incluem-se as ocupações de terra e os acampamentos às margens das rodovias, ou nas proximidades de áreas que se reivindicam para desapropriação. As ocupações por famílias sem terra ou a retomada de áreas por comunidades indígenas ou quilombolas apresentaram um crescimento de 11,1%. Passaram de 180, em 2010, para 200, em 2011. Já o número de famílias envolvidas apresentou crescimento de 35,1%, indo de 16.858 famílias envolvidas para 22.783. Os acampamentos sofreram uma redução de 35 para 30, diminuição de 14,3%, com o número de famílias passando de 3.579 para 3.210, menos 10,3%. 

Chama a atenção nos conflitos por terra o aumento do número de famílias expulsas. Um crescimento de 75,7%. Passaram de 1.216, em 2010, para 2.137, em 2011. Também teve crescimento significativo o número de famílias ameaçadas por pistoleiros, que passaram de 10.274 para 15.456, mais 50,4%. É o poder privado – fazendeiros, empresários, madeireiros e outros - voltando à liderança das ações. Este poder privado é responsável por 50,2% das ocorrências de conflitos por terra, 689 das 1.035. 

Por outro lado, a ação do poder público, representada pelo número de famílias despejadas, decresceu 12,8%; foram 8.064 famílias, em 2010, 7.033 em 2011. Na análise do professor Carlos Walter Porto Gonçalves, a ação do poder público é mais expressiva quando a liderança das ações é dos movimentos sociais. Daí se infere que o poder público está pronto para agir quando os protagonistas da ação são os sem-terra, indígenas, quilombolas ou outros trabalhadores; já quando os protagonistas da ação são os senhores “proprietários” de terras e outros empresários, esta é vista como dentro da normalidade. Diz o professor: “Os dados parecem comprovar cientificamente o caráter de classe da justiça no Brasil, haja vista que a ação do poder público se move de acordo com a ação dos movimentos sociais em luta pela terra, mas se mostra indiferente com relação ao poder privado, na medida em que, como se observa, a intervenção do poder público aumenta ou diminui acompanhando o aumento ou queda da ação dos movimentos sociais”. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Ato e vigília em Brasília cobram punição aos responsáveis por Eldorado dos Carajás



17 de abril de 2012

Da Página do MST


Nesta terça-feira (17), dia em que se completa 16 anos do episódio que ficou conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, acontece em Brasília um ato público no Plenário 2 da Câmara dos Deputados, às 17h30, em homenagem aos 21 Sem Terra assassinados no episódio.

Além do ato na Câmara, uma vigília também será realizada em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), a partir das 17h desta terça, quando serão colocadas 500 cruzes em frente ao prédio do STF.

As atividades pretendem denunciar a impunidade que marca a história de violência no campo brasileiro, cobrar por justiça e reafirmar a necessidade da realização da reforma agrária para o combate à pobreza e o desenvolvimento do meio rural.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Exposição retrata 100 anos de Apolonio de Carvalho

A abertura será no sábado (31) e terá o lançamento de um livro e a apresentação de um documentário sobre o revolucionário

26/03/2012

da Redação



No sábado (31), acontecerá a abertura da exposição “Apolonio de Carvalho – A trajetória de um libertário”, às 13h no Memorial da Resistência de São Paulo. A exposição ficará na capital paulista até o dia 1º de julho.

Familiares e amigos de Apolonio de Carvalho estarão presentes na abertura da exposição e participarão de uma conversa sobre a trajetória do revolucionário que combateu pelas liberdades democráticas e conquistas sociais.

Na abertura, haverá, às 15h, o lançamento do livro “Uma vida de lutas”, escrito pela esposa de Apolonio de Carvalho, Renée France de Carvalho. Além da exibição do documentário “Vale a Pena Sonhar”, de Stela Grisotti e Rudi Böhm, às 16h.

A exposição, que homenageia os 100 anos de nascimento do revolucionário, será composta por 30 painéis com fotos, documentos, cartazes e textos que percorrem a história de Apolonio de Carvalho desde a sua infância em Corumbá (MS), passando pelos principais acontecimentos políticos e sociais do século XX, como a Insurreição de 1935, a Guerra Civil Espanhola, a Resistência Francesa contra o nazismo, a luta contra a ditadura militar, o exílio, a anistia e a reconstrução democrática no Brasil.





Apolonio de Carvalho – A trajetória de um libertário

Memorial da Resistência de São Paulo

Largo General Osório, 66 – Luz

De 1º de abril a 1º de julho

Entrada gratuita de terça-feira a domingo, das 10h às 17h30

www.memorialdaresistenciasp.org.br

sexta-feira, 30 de março de 2012

Brigada de Agitação e Propaganda Semeadores Mediações entre Teatro Político e Formação

Penso que todos os grupos verdadeiramente revolucionários devem transferir ao povo os meios de produção teatral, para que o povo os utilize, à sua maneira e a seus fins. O teatro é uma arma e é o povo quem deve manejá-la”.
Augusto Boal

A Brigada Semeadores assume um legado histórico das experiências revolucionárias de teatro desenvolvidas por Augusto Boal no Teatro de Arena de são Paulo que nesse período da história está dentro de uma conjuntura de trabalho com o Centro de Cultura Popular (CPC) e o Movimento de Cultura Popular (MCP) . Tanto Boal no Teatro de Arena quanto o CPC e o MCP tiveram uma atuação fundamental no movimento teatral revolucionário na década de 1960 e que ambos também foram interrompidos pelo golpe de 1960.

É em 2002 que o MST procura Augusto Boal com o Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro (CTO) para fazer uma parceria. Essa parceria acontece após a criação do Coletivo de Cultura do MST e tem como objetivo formar um grupo de militantes com as técnicas do Teatro do Oprimido. A partir dessa formação com Boal e o CTO, o Coletivo Nacional de Cultura do MST cria a Brigada Nacional de Teatro Patativa do Assaré, os militantes pertencentes a Brigada Nacional se espalham pelos 23 estados onde o MST está organizado criando grupos de teatro. É nesse processo que nasce a brigada Semeadores.

Não existe uma data e um dia exato de criação da Brigada Semeadores, sim um processo constante de prática teatral e militante. São três os trabalhos que dão o ponta- pé na formação da Brigada: a mística de conquista da terra do acampamento Gabriela Monteiro (2004), “Trapulha” (2004), “Como fazendeiro sofre” (2004) . A mística de conquista da terra foi encenada no ato político no dia da mudança do acampamento Gabriela Monteiro da beira da rodovia DF-240 para dentro da terra de implementação do assentamento. Como a mística foi construída com os militantes do acampamento, é importante constatar que, boa parte dos integrantes da Brigada são do acampamento. Nessa área de implementação do assentamento existe um galpão que servia de garagem para tratores e armazém de agrotóxicos, nesse processo o galpão passa a ser espaço de ensaio das peças e reuniões, espaço físico esse que mais tarde virou um Centro de Formação e Ponto de Cultura apoiado pelo Ministério da Cultura (MINC).
 Naquela época em 2004 o grupo O avesso da máscara, de Teatro do Oprimido, promoveu uma oficina de teatro épico, convidando para ministrar a oficina o grupo paulista Teatro de Narradores, e entre os militantes do DF e do MS convidados estavam dois acampados do Gabriela Monteiro. Na oficina o grupo trabalhou com a peça O círculo de giz caucasiano, de Bertolt Brecht, e conheceu procedimentos de encenação do teatro épico.Em seguida, e influenciados por esse processo, o grupo inicia a construção da peça Trapulha.

Os militantes da Brigada estão inseridos nas instâncias formativas e organizativas do MST, pois a tarefa está vinculada à estratégia política da organização e comprometida com a formação. Cultivam a prática de trabalho coletivo em todas as áreas - produção de textos, peças, figurinos, adereços e bonecos e se organizam em equipes como articulação política, finanças e assessoria de imprensa.
 Antes de se organizarem como uma Brigada de Agitprop, funcionavam como um grupo de teatro político. Começado a perceber o potencial de intervenção da linguagem teatral na organização e formação social na medida em que as peças começaram a gerar discussões e mudanças de posições, esse já era o momento em que o MST retoma a discussão sobre Agitação e Propaganda. É nesse contexto que o grupo de teatro se transforma em uma Brigada de Agitprop para uma atuação mais ampla e estratégica política na luta de classes. Para contribuir nesse processo foi e está sendo necessário uma a retomada de experiências passadas, que foram interrompidas pelo golpe de 1964, retornar a Augusto Boal a o MCP e CPC nos faz compreender o trabalho de Agitação e Propaganda além do panfleteamento que é o que a esquerda brasileira tem assumido após o fim da Ditadura Militar.
 Um outro aspecto que dá base na ampliação do caráter de Grupo de Teatro Político para uma Brigada de Agitação e Propaganda são os trabalhos de Agitprop realizados no DF e em Goiás na véspera da Marcha Nacional pela Reforma Agrária e por Justiça Social (2005). Apresentaram as peças "A luta do camponês contra o agronegócio" e A "bundade do patrão"; e participamos dos debates sobre Reforma Agrária promovidos após as peças nas comunidades da periferia urbana. Também participaram do processo coletivo de construção do teatro procissão com 270 atores, com o tema "A história do Brasil pelo ponto de vista do camponês", apresentada no gramado do Congresso Nacional, em 17 de maio de 2005 - data da chegada da marcha em Brasília.

A Práxis na Formação de Militantes Agitadores Propagandistas

“São constantes os depoimentos de participantes de oficinas que alegam que os exercícios trabalhados, as discussões e as peças montadas funcionam como um processo de formação política e conhecimento pessoal. Há, portanto, uma ressonância do trabalho teatral na esfera da vida cotidiana, o que corrobora com a tese de que num processo revolucionário a arte deva se diluir na vida”.  (Villas Bôas, 2003: 26)
 O processo de formação que a Brigada assumiu vai desde o momento do estudo sobre determinado tema para a construção coletiva das místicas, peças e intervenções, esse processo conta com seminários, oficinas, cursos de formação política na área da cultura e cursos formais. Esse processo de formação não se restringe apenas ao estudo teórico, pois se extende para as intervenções práticas. A cada intervenção surge novas possibilidades, a cada trabalho apresentado é feita uma avaliação em conjunto com as referências teóricas. Não se separa a teoria da prática, assim internalizando a Práxis nesse processo. Além da teoria e prática revolucionária teatral cada integrante da brigada participa organicamente de cada setor e assumem uma tarefa em determinadas instâncias da vida orgânica do MST e a participação nas marchas, ocupações e em diversas formas de luta do Movimento. Esse conjunto de atividades presente no cotidiano da vida da Brigada proporciona uma constante prática nas possibilidades de intervenções política e contribui para um método de formação de agitadores,atores e militantes políticos.
 Pode perceber plenamente o avanço na formação política dos integrantes da Brigada, a prática de estudo, pesquisa e implementação das intervenções ao longo desses anos de trabalho coletivo teve um papel fundamental desse processo. As questões chaves que fazem conexão nesse caminho de avanço na formação política são o estudo,pesquisa, construção coletiva e a prática militante. Por terem essas questões chave na formação a Brigada cumpre a risca uma decisão política definida coletivamente, que é do estudo. Os militantes sempre estão fazendo os cursos organizados pelo MST, uns no Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária( ITERRA) no RS outros, em cursos e seminários de formação Política organizados pela Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) e nas Universidades.
 Nesse processo de formação é interessante trazer presente um curso realizado no Pré Assentamento Gabriela Monteiro. Aquele galpão que antes servia de garagem para máquinas agrícolas e armazém para Agrotóxicos virara um Ponto de Cultura apoiado pelo Ministério da Cultura (MINC). As atividades a serem realizadas ali eram oficinas de formação cultural, essas simples oficinas se transformaram em um curso.
 O curso de Arte, Comunicação, Cultura e Agitação e Propaganda na Formação, planejado em um encontro seminário de cultura do MST acontecido na Escola Nacional Florestan Fernandes em julho de 2005, encontro esse que foi fundamental na reflexão de legados históricos para a formação de militantes Agitadores e que teve sua contribuição na construção desse curso. O curso foi dividido em cinco etapas, Foi adotado a metodologia da Pedagogia da Alternância baseada em Paulo Freire,e que é o mesmo método pedagógico adotado pelo (ITERRA), o curso foi dividido em cinco etapas cada etapa foi dividida entre Tempo escola e Tempo comunidade. No Tempo escola o participante estava no Ponto de Cultura, pela manhã aconteciam leituras e debates teóricos e pela tarde oficinas nas áreas de teatro,música,artes plásticas e comunicação. Esse curso foi de grande valia para o acumulo teórico e prático com produções culturais construídas coletivamente pelos militantes participantes, tem como produto não final e sim em construção em todo um acúmulo de intervenção Política Cultural que a Brigada Semeadores tem adquirido nesses anos de trabalho. É de fundamental importância ressaltar que boa parte dos integrantes da Brigada Semeadores integrou a equipe de Coordenação Política e Pedagógica (CPP) desse curso, a participação desses militantes em outros processos de formação na (ENFF) e no (ITERRA) foram importante para contribuição na (CPP) desse curso, isso por conhecerem a prática do método pedagógico de formação do MST.

Repertório de peças de autoria coletiva da brigada:

Trapulha (junho de 2004). Peça que aborda criticamente as relações de poder, estabelecendo conexões entre a perspectiva local e mundial, com procedimentos do teatro épico, construída coletivamente após oficina com Teatro de Narradores (SP) em que cenas da peça O círculo de giz caucasiano, de Bertolt Brecht foram trabalhadas em experimentos.
 Como fazendeiro sofre! (dezembro de 2004). Peça de teatro épico elaborada a partir de adaptação da peça Exploração do Trabalho, da Brigada Estadual de Cultura Filhos da Terra, do MST/MS. A proposta é explicitar o cinismo dos argumentos de legitimidade social dos latifundiários brasileiros, por meio de uma estrutura que permite a indagação à contrapelo de determinadas premissas da narrativa conservadora sobre a história oficial brasileira e, em específico, da questão agrária.
 Contraponto (2005). Peça de agitação e propaganda, com procedimentos de teatro épico, que visa estabelecer uma crítica da construção ao padrão hegemônico de representação estética da realidade, mostrando as condicionantes históricas do conflito agrário brasileiro, e a ação de resistência e enfrentamento das pessoas que optaram pela condição de engajamento ao se inserirem no MST e o preconceito disseminado contra os movimentos sociais de massa pela grande imprensa brasileira.
 Boicotar a ordem! (janeiro de 2006). Intervenção de agitprop construída para ser utilizada diante do aumento arbitrário do preço da passagem dos transportes coletivos no DF.
 Intervenção de agitprop Eldorado dos Carajás. (03/2006). Intervenção de agitprop construída em oficina ministrada pela Brigada Semeadores em etapa do curso estadual de formação em cultura, comunicação e agitação e propaganda, com o intuito de explicitar, por meio da ironia, a dinâmica da violência que estrutura o latifúndio brasileiro, em conluio com o poder judiciário.
 Roteiro para mística do ato de solidariedade à Cuba (09/11/2006). Intervenção realizada na UnB em parceria com outras organizações e entidades de esquerda, como forma de pressão política para libertação dos cinco militantes cubanos presos injustamente nos EUA.
 Intervenção de agitprop Cabo de guerra da esquerda contra a direita. (2006). Intervenção montada durante o 2º turno da eleição presidencial de 2005, como parte da tática de mobilização do MST contra o risco de vitória eleitoral da direita, com Geraldo Alckmin. A peça utiliza o recurso clássico de agitprop, da luta e box,para estabelecer uma comparação entre os feitos dos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e os feitos do quatro anos do governo Lula, em algumas áreas estratégicas, como investimento em programas sociais, dívida com Fundo Monetário Internacional, atuação da Polícia Federal em crimes por corrupção, etc.
 Mística/intervenção de agitprop da na sessão solene em homenagem ao dia de luta pela Reforma Agrária, na Câmara Legislativa do DF. (2007). Estrutura de intervenção que mescla ação de teatro invisível com trechos de outras intervenções já elaboradas pela Brigada.
Jogos de agitação e propaganda: Pega a terra. Intervenções de agitprop criadas por meio de adaptações de jogos infantis, para serem jogadas na rua por integrantes da brigada e por pessoas que estiverem passando pelo local em que a intervenção ocorrer.
 Projeto América Latina. Pesquisa sobre a luta de classes na América Latina, por momentos históricos decisivos, que nos permitam a visão de conjunto do processo de dominação em suas distintas fases (colonialista, imperialista, neoliberal, ...).A pesquisa ocorrerá por meio de um processo cumulativo de intervenções que se desenvolverão ao longo de dois anos, até 2009, período de homenagem e comemoração aos 50 anos da Revolução Cubana.A fase 1 da pesquisa tem como tema a reflexão sobre os 40 anos da morte de Che Guevara, que inclui o desdobramento dos processos revolucionários na América Latina, e a análise do processo de transformação da imagem de Che Guevara em mercadoria.
 Intervenção no Ato do Trabalho Escravo. Movimento em apoio pela Aprovação da PEC 438 e Erradicação do Trabalho Escravo no Congresso Nacional. O objetivo foi de realizar uma ação de teatro invisível no espaço da mística de abertura do ato, para pautar a relação entre trabalho escravo e agronegócio, e criticar a ação da bancada ruralista, de protelar as votações de interesse da reforma agrária.
 Nesse repertório pode observar a variedade e temas e técnicas que a Brigada tem construído ao longo dos anos de trabalho, essa variedade de temas vem a partir do contexto de luta que o MST está inserido, são temas que servem para debates em cursos de formação, encontros e nas lutas conjunturais. Já as técnicas são baseadas em teatro político, intervenções de Agitprop tanto em grandes públicos nas ruas e mobilizações , quanto a serem apresentadas em espaços fechados como auditórios, o teatro épico tem sua valia em espaços internos de formação do MST, Sindicatos e escolas que preparam para o debate, e as místicas que estão presente em todos os espaços. A prática militante da Brigada em conjunto com a construção desse repertório vem reafirmar na prática o debate do “artista militante e militante artista”. 


Algumas Reflexões Orgânicas

A Brigada Semeadores participa da vida cultural e política do MST/DFE e, em geral, das atividades do calendário político da esquerda brasileira na capital federal do país, apresentando suas peças teatrais em espaços de formação política, fazendo intervenções de Agitprop em períodos de jornadas de lutas prolongadas, ministrando oficinas para formação de novos agitadores, e se integrando permanentemente nas equipes de mística dos grandes eventos realizados em Brasília, como a Conferência Nacional da Água e da Terra (2004) e a Assembléia Popular Nacional (2005). Essas entre outras atividades garantem com que a Brigada está inserida contribui paras as estratégias que o MST tem adotado como prioridade que são a Formação, Produção, Frente de Massas e a Relação com Sociedade que são decisivas na construção do avanço na luta pela terra no Brasil e que o Movimento tem como lema do seu mais recente congresso nacional Reforma Agrária: por Justiça Social e Soberania Popular.
A luta de classe no Brasil vive uma conjuntura acirrada, o sistema Capitalista está moderno, o judiciário com todo o aparato do Estado vai para o embate com a organização da classe trabalhadora. No campo da Questão Agrária a elite burguesa dominante está organizada no Congresso Nacional assim fazendo a CPI para investigar o MST e que mais tarde todos os Movimentos Sociais. É nessa conjuntura que podemos observar de forma mais clara a importância que a Brigada tem nesse processo, de trabalhos com MST de temas dessa conjuntura que vão para o embate contra esse Sistema Capitalista. Outro papel fundamental nesse processo é de trazer para a prática uma herança de Agitação Política que foi interrompida na década de 1960, e que a esquerda brasileira negou por décadas após a Ditadura Militar.
 É necessário colocar os pés no chão, avaliar as lutas passadas, as presentes e como que está sendo a prática cotidiana, para que possa planejar o futuro a partir da luta presente, assim bebendo em fontes teóricas. A conjuntura está intensa, a luta dos pobres acirrada, então os trabalhos também tem que ser constantes. A Brigada Semeadores tem passado por limites na continuação de seu trabalho para que garanta a prática dessa herança histórica, os encontros da brigada tem ocorrido com intervalos muito longos um do outro e a falta de recursos financeiros é um limite a ser superado.
 A parceria a ser realizada na área de formação com o Grupo Teatro de Narradores de São Paulo é bastante importante para essa estratégia. Pois a preparação para essa parceria exige um processo de leitura de textos e debates que irá proporcionar um melhor avanço nessa parceria. Apenas essa parceria não é u suficiente a Brigada tem que ir além, é necessário uma massificação desse trabalho nos municípios do entorno do DF onde o MST está organizado em Assentamentos e em Acampamentos e que acontece uma luta política naquela região. Pois em uma linha mais estratégica o a Brigada Semeadores assume um Papel de mais permanência na Capital Federal Brasília e nas cidades do próprio DF.

Por Janderson Barros.

terça-feira, 27 de março de 2012

Relações promíscuas no governo...